Criados com a finalidade de oferecer moradia acessível para pessoas de baixa renda, os conjuntos habitacionais se tornaram desejo para quem tanto almeja ter a casa própria. A cada ano, novos conjuntos são construídos, mas ao mesmo tempo em que muitas famílias passam realizar um sonho, cresce também problemas de infraestrutura nesses locais.
Em um levantamento realizado junto aos conjuntos habitacionais localizados nos bairros Laura Moreira, Nova Cidade e Jardim Equatorial, na Zona Oeste, a Folha constatou que a grande maioria dos moradores convive cotidianamente com problemas que incluem falta de água e a inexistência de abrigos de ônibus. Postos de saúde e escolas mais próximas dos conjuntos também foram citados na lista dos problemas.
No conjunto habitacional Pérola do Rio Branco, localizado no bairro Nova Cidade, moradores reclamam do desabastecimento de água. Segundo eles, o problema é frequente. “Aqui, infelizmente, o maior problema é a falta de água. Tem dias que demora a vir, principalmente nos finais de semana. Quando vem é bem fraquinha. Não dá nem para aproveitar o tempo para estender roupa, porque não tem água nem para lavar uma peça”, disse uma moradora que não quis se identificar.
Para a moradora Brasilina Alves, a falta de um posto de saúde e escola nas proximidades também é um fato a ser levado em consideração pelos administradores públicos. “O posto e a escola mais próximas daqui ficam na região central do bairro Nova Cidade. Tem que pegar ônibus ou ir a pé, porque o táxi não passa nessa região. Se a gente precisa de ônibus, não tem abrigo para esperar. A sorte é que não está chovendo. Mas, mesmo assim, é complicado esperar ao relento”, comentou a doméstica.
A falta de abrigos também é uma reclamação frequente dos moradores do Cruviana, conjunto localizado no bairro Jardim Equatorial. Além da falta de cobertura nos pontos já existentes, a sinalização também é um ponto que deixa a desejar. “Quem mora no conjunto sabe bem o que digo. Não tem sinalização nesses pontos e não tem como compensar com outra alternativa de transporte, até porque os motoristas de táxi-lotação se negam a levar passageiros para o bairro”, declarou o publicitário Leandro Costa.
O morador ressaltou que a praça do conjunto encontra-se em péssimas condições. “A praça é outro ponto que precisa ser mudado com urgência. Já faz um bom tempo que elas não passam por uma reforma. Isso reflete diretamente na qualidade de vida dos moradores, que não dispõem de opções de lazer no próprio bairro”, disse.
No conjunto Manaíra, no bairro Laura Moreira, o problema são as ruas que dão acesso ao local. Muitas não são asfaltadas, o que acaba dificultado o trânsito de veículos naquele lugar. “Aqui, no Manaíra, o maior problema são essas ruas de acesso. Asfaltá-las melhorariam a situação”, relatou a estudante universitária Paloma Barbosa.
CAER – A Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) informou que irá reforçar o abastecimento de água dos habitacionais Pérola do Rio Branco e Cruviana.
Afirmou que o abastecimento do Residencial Cruviana vinha sendo prejudicado por uma série de fatores e que, para resolver o problema, realizou uma reavaliação do projeto de injetamento e manobra da rede de distribuição. Conforme a estatal, o serviço já foi executado, com pressão mínima de 4 metros nos pontos mais críticos.
O Cruviana é abastecido pelo Centro de Reservação e Distribuição (CRD) do bairro Equatorial, que fornece água para os bairros Silvio Leite, Nova Canaã e o próprio Equatorial. Para isso, a Caer afirmou que mantém no CRD dois conjuntos motobomba.
A empresa justificou ainda que, para o funcionamento do sistema, são necessários 440 volts de energia e que há mais de um mês havia apenas 410 volts, suficiente para apenas um dos conjuntos. Com isso, o abastecimento ficou fraco e as pontas de rede prejudicadas, já que não havia pressão suficiente para todas as residências.
Além disso, para atender os pontos mais distantes do Cruviana, a Caer frisou que mantém um poço reserva no bairro Equatorial, utilizado apenas em períodos de estiagem. No entanto, vândalos invadiram o local e jogaram pedras dentro do poço, o inutilizando.
Em relação a o Conjunto Pérolas do Rio Branco, a companhia afirmou que fez um reforço no abastecimento de água, interligando o conjunto ao CRD do Raiar do Sol, onde a produção subiu de 132 para 154 litros por segundo, para acompanhar a demanda. Além disso, a estatal diz que está em fase de conclusão, por parte da empresa responsável pela construção do conjunto, uma obra de interligação de rede que visa melhorar ainda mais a pressão na rede de distribuição.
PREFEITURA – A Folha enviou e-mail para a Prefeitura de Boa Vista (PMBV), mas não houve retorno. (ML)
Cotidiano