A falta de gestão na Saúde em Roraima está virando caso de polícia. Policiais militares foram chamados, na manhã de ontem, para conter um tumulto na portaria do Hospital Coronel Mota (HMC), no Centro. Segundo usuários que estavam na fila desde às 5 horas, a ausência de quatro dos cinco servidores que fazem o atendimento na recepção teria sido o motivo da confusão, que só foi resolvido com a chegada de um destacamento do Ronda no Bairro, além do deslocamento de quatro pessoas do setor de agendamento para a recepção. Isso já por volta das 9h20.
“Eu estava na fila desde às 5h30 e apenas um atendente estava trabalhando. E o pior é que um vigia me tirou da fila de prioridades e me colocou no final da fila geral”, denunciou uma paciente de 76 anos. Outro paciente, de muletas, que aguardava atendimento, discutiu com o vigia, bateu no vidro do atendimento e começou o bate-boca.
“Chamei a polícia para mostrar o que estava acontecendo e reivindicar nossos direitos de ter o atendimento. Estou numa fila de prioridades, junto de pessoas de idade, e eles não respeitam, Quando a polícia chegou, o vigia saiu e colocaram pessoas para atender”, disse Valêncio Casarim.
Duas servidoras que haviam sido deslocadas de outro setor afirmaram que três atendentes abandonaram o serviço desde a sexta-feira, 07, por falta de pagamento do salário. “A empresa demitiu por falta de repasse de recurso do governo”, afirmou. Outras servidoras, que pediram para não serem identificadas, afirmaram que desde sexta-feira técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos estariam deixando de trabalhar no HMC. “Eles falam que estão com salários atrasados e alguns vêm para o hospital e retornam em seguida dizendo que só vão trabalhar depois que receberem os salários. Outros ficam mas não trabalham”, afirmaram.
SESAU – A Folha manteve contato telefônico e por e-mail com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para saber quando seria regularizado o pagamento dos servidores terceirizados, mas até o fechamento dessa edição, por volta das 17h30, não houve retorno. DIREÇÃO – A diretora-geral do Hospital Coronel Mota (HCM), Erineuda Teixeira, negou a ausência de médicos nos plantões e explicou que a falta de atendentes se deu devido ao atraso de pagamento dos servidores terceirizados da empresa Vale. Ela disse que todos os 54 médicos estavam trabalhando na manhã de segunda-feira.
“O atendimento de recepção é composto por cinco funcionários, sendo um cargo comissionado, que veio trabalhar, um efetivo, que também veio trabalhar, e mais três funcionários da empresa Vale, que não vieram trabalhar por estar completando o terceiro mês que não recebem salários”, afirmou.
Ele disse que, ao saber que os recepcionistas iriam faltar ao trabalho, na sexta-feira pela manhã, manteve contato telefônico com o setor de Recursos Humanos da empresa e foi informada que tudo seria resolvido no período da tarde. “Repassei essa informação aos terceirizados da recepção e da central de atendimento, mas não foi o que aconteceu. Acredito que a Vale não tenha pago e os servidores da recepção não vieram trabalhar. Tive que deslocar os do agendamento para a recepção. “Hoje pela manhã, tentamos falar com a diretoria da Vale por várias vezes, mas ninguém atende”, frisou.
A Folha também tentou contato com a diretoria da Vale, mas a atendente informou que os diretores, assessores jurídicos e administrativos não se encontravam na empresa.
Quanto aos servidores do Estado que ainda não receberam os salários, a diretora do hospital afirmou que alguns técnicos do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (Same) teriam assinado o ponto, na manhã desta segunda-feira, mas que não iriam trabalhar.
“Não aceitei essa situação e disse que, se a greve não é legalizada, o ponto será cortado. Bastou isso para haver tumulto”, disse. “Liguei para alguns médicos que estavam na dúvida se iriam trabalhar ou não, também devido à ausência dos técnicos do Same, e disse a eles que o diretor do Fundo Estadual de Saúde estava aguardando apenas a chegada do secretario de Saúde para liberar o pagamento de todos os funcionários da Saúde do Estado, ainda nesta segunda-feira, e todos vieram trabalhar”, afirmou. (R.R)
Cotidiano
Falta de recepcionistas provoca tumulto
Sem salários, funcionários de terceirizada faltaram, além da paralisação dos técnicos do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (Same)