Cotidiano

Modelo carcerário do Estado é precário e precisa mudar, afirma coordenador

Diante dos conflitos que aconteceram nas últimas semanas e da crise no sistema prisional do Estado, a Pastoral Carcerária de Roraima criticou o modelo carcerário adotado pelo Governo do Estado e afirmou que o setor carece de atividades e ações voltadas para o bem-estar social dos reeducandos.

O coordenador da Pastoral, Sérgio Weber, que trabalha há cerca de um ano no âmbito prisional, na Penitenciária Agrícola (Pamc), na Cadeia Pública e na Cadeia Feminina, disse que o governo precisa repensar o modelo utilizado para acabar com os problemas nas unidades de detenção.

Além das péssimas condições dos locais, ele afirma que o governo não estimula a educação dos presos, tendo em vista que não desenvolve ações ou atividades voltadas ao bem-estar social dos detentos. “Não há incentivo à prática esportiva, estudo ou mesmo a serviços gerais”, disse ao frisar que a escola da Pamc, por exemplo, não atende, sequer, 10% da população carcerária.

Segundo ele, é preciso pensar em um novo modelo para o sistema prisional, o que poderia ser a solução para acabar com os problemas atuais. “É necessário um novo tipo de tratamento porque, apesar de tudo, os presos devem ser tratados com dignidade. São pessoas que erraram, mas continuam sendo humanas, então merecem respeito”, comentou.

Ao dialogar com os detentos, Weber frisa que muitos deles não aceitam a punição. “Eles são maltratados e dizem que apanham muito, eles reclamam muito das condições do local onde estão presos. A limpeza nas unidades é miserável. Na Pamc há um fedor e uma sujeira muito grande. As repartições são escuras e úmidas”.

Para ele, a situação das prisões não é favorável. “A questão é que se os presos ficam nas cadeias sem ocupação. Eles têm todo o tempo para maquinar e planejar besteiras, safadezas e mortes, pois não têm o que fazer. Se eles tivessem ocupação, estudo, trabalho, lazer, manteriam o corpo e a mente ocupados”, argumentou.

GOVERNO – Em nota, A Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que realiza diversos projetos de ressocialização dentro do sistema prisional. “Somente na Pamc, mais de 500 reeducandos frequentam diariamente a Escola Estadual Professora Crisotelma Francisca de Brito Gomes, que funciona dentro da unidade”.

Conforme a nota, as unidades contam com cursos de informática básica, mecânica, elétrica e hidráulica. “Na Pamc, os internos frequentam a igreja e têm uma biblioteca com uma variedade de livros à sua disposição.

Eles também confeccionam peças para decoração de ambientes como cestos, vasos, minicasinhas, porta-retratos e molduras para quadro, utilizando jornais e revistas, palitos de picolé e restos de madeira”, diz a nota.

O Governo disse que também existe uma parceria com a Universidade Federal de Roraima, o projeto João de Barro, em que os reeducandos do regime semiaberto podem trabalhar na instituição recebendo um auxílio para ajudar a família. “É nosso dever prover ações e dar condições para que os presos possam cumprir suas penas e se ressocializar. Contudo, é direito individual do preso participar das atividades ou não”, frisou. (B.B)