Cotidiano

Imigrantes venezuelanos se abrigam em galpões próximos a Feira do Passarão

Comerciante que trabalha na feira relatou à Folha que não se incomoda com a presença dos veneuzelanos

Muitos venezuelanos estão morando nas proximidades da Feira do Passarão, no bairro Caimbé, zona Oeste da Capital. Alguns barracos improvisados e galpões estão sendo utilizados pelos estrangeiros como abrigo.

Um feirante do Passarão, que preferiu anonimato, disse não saber muito sobre as pessoas que se abrigam ali, mas afirma que eles estão lá há pouco tempo. “Alguns chegaram no meio do ano e outros há alguns dias.

São índios venezuelanos, que não têm para onde ir e se acomodaram ali”, comentou.

Em visita ao local, no último sábado, 29, a equipe da Folha constatou que as famílias que moram naquele local vivem de forma precária. As barracas são improvisadas com madeiras, lonas e restos de materiais como papelão. Na ocasião, eles estavam usando uma espécie de fogão à lenha improvisado, a céu aberto, para cozinhar.

“Esses venezuelanos vivem nos sinais pedindo dinheiro, é assim que a maioria deles sobrevive. A crise na Venezuela tem trazido muitos deles para cá”, frisou o feirante. “A gente não conversa com eles, mas sabe disso porque essa é a informação que circula por aqui”, complementou.

Segundo ele, a presença dos imigrantes não incomoda os comerciantes. “Cada um de nós, venezuelanos ou brasileiros, busca ser alguém na vida. Então a gente agarra a oportunidade que vier. Eles não tiveram muitas oportunidades e por isso estão hoje nessa situação. O problema maior deve ser com a Justiça, mas não com a gente”, concluiu.

A Folha tentou entrar em contato com os estrangeiros, que vivem no local, para saber como eles chegaram até ali, mas nenhum deles quis falar com a equipe de reportagem.

DADOS – A migração de venezuelanos para o Estado cresceu mais de 500% nos últimos dois anos, entre 2014 e 2016. Conforme a Superintendência da Polícia Federal (PF), de janeiro até meados de outubro deste ano, foram registrados 1.725 pedidos de refúgio em Roraima.

Segundo a PF, a instituição atende de 15 a 20 estrangeiros por dia, e quase todos são do país vizinho, seguidos de cubanos e haitianos. Além do refúgio, as pessoas também procuram o órgão para solicitar a permissão de entrada no Brasil. (B.B)