Em sala de aula, a leitura e o aprendizado podem ser árduas tarefas para quem tem dificuldade de ler, e isso gera um baixo rendimento escolar e até mesmo profissional. No caso em que a má percepção visual se torna um problema diário, é possível que a pessoa tenha a síndrome de Irlen ou Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão.
Síndrome de Irlen é uma condição neurovisual que provoca distorções visuais e desconforto durante a leitura. As distorções normalmente estão relacionadas à percepção de movimento (letras saindo do papel) ou perda da qualidade visual (embaçamento ou percepção de que a letra está se apagando), e isso causa prejuízo na compreensão do texto.
Semelhante às características da dislexia e do déficit de atenção, a pessoa com síndrome de Irlen apresenta desconfortos, como dores de cabeça, enjoos, sensação de tontura e fotofobia. Além disso, ela não consegue terminar de ler um livro por completo, em casos de grau avançado de Irlen. Na idade escolar de alfabetização, a criança com a síndrome pode fazer inversões, trocas de letras, pular palavras ao copiar, pular de linha ao tentar ler, e esses sinais são facilmente confundidos com a dislexia, que está relacionada a problemas de ordem neurológica.
Para evitar diagnósticos equivocados de Dislexia ou de Déficit de Atenção, a identificação da Síndrome de Irlen é feita por profissionais da saúde e educação devidamente capacitados.
Jussara Barbosa é a primeira psicopedagoga de Roraima a se especializar pela Fundação Hospital de Olhos de Minas Gerais. “No Brasil, a Síndrome de Irlen é pouco conhecida, e por isso resolvi me especializar para que eu possa fazer o diagnóstico e tratamento do paciente de forma correta. No caso infantil, quando a criança sofre bullying devido à dificuldade de acompanhar a turma e não ter um bom rendimento escolar, é importante o tratamento para que ela possa seguir a sua vida normalmente”, afirma Jussara Barbosa.
A identificação da síndrome é feita através da aplicação de um teste diagnóstico padronizado conhecido como Método Irlen, que inclui filtros espectrais bloqueadores de distorções e desconfortos visuais eventualmente presentes.
“Com esse rastreamento é possível classificar o grau de intensidade das dificuldades visuais e de percepção dos casos suspeitos, explica a psicopedagoga. Qualquer pessoa que esteja enxergando bem tem chances de ser portadora da síndrome, já que se trata de uma disfunção da percepção e não uma patologia ligada diretamente aos olhos, portanto não pode ser detectada através de exames oftalmológicos de rotina, nem por testes padronizados para verificação de dificuldades de aprendizagem”, disse.
Origem da descoberta
Foi a Dra. Helen Irlen, uma psicóloga americana, a responsável pela descoberta e pelos estudos internacionais sobre a síndrome que leva o seu sobrenome. É muito pouco difundida no Brasil, apesar de já ser investigada há mais de 25 anos na América do Norte e de haver centros de diagnóstico e tratamento em 42 países.
A síndrome de Irlen é, junto com a dislexia de desenvolvimento, uma das principais causas de dificuldade de leitura e aprendizagem. Trata-se de uma sensibilidade específica a alguns espectros da luz que dificultam a concentração. Os principais sintomas da síndrome são a alta sensibilidade à luz, a restrição do campo visual periférico, a dor de cabeça e as dificuldades de manter o foco durante a leitura, de adaptação a contrastes e concentração.