Política

Cerr acumula rombo milionário com obras inacabadas, diz Iglesias

Incerteza sobre concessão também provoca prejuízo à estatal roraimense que abastece a maioria do interior de Roraima

A incerteza sobre a concessão para distribuição de energia nos municípios do interior, além das várias obras inacabadas de subestações e usinas termelétricas, tem causado prejuízo milionário à Companhia Energética de Roraima (Cerr). A estatal tem encontrado dificuldade para manter o funcionamento dos motores que levam energia elétrica em várias localidades por conta do alto custo do combustível.

É o caso do Município de Amajarí, na região Norte do Estado, em que os gastos com diesel chegam a quase R$ 700 mil mensais. “Quando assumi a companhia os motores desse município eram antigos. É um local que consome sete mil litros por dia de diesel, então enfrentamos uma luta diária para comprar esse combustível”, disse o presidente da Cerr, Augusto Iglesias.

Segundo ele, a concessão da companhia, que havia sido revogada em agosto, foi prorrogada pelo Ministério de Minas de Energia (MME) até o dia 31 de dezembro deste ano. “Como a sociedade e empresários sabem que a nossa concessão acaba nesse prazo, ninguém nos vende mais fiado. Para comprar diesel, pagamos à Petrobras primeiro e só após é feita a entrega”, explicou.

A companhia entrou com uma liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para anular a portaria que revogou a concessão para distribuir energia no interior. “Quando entramos com a ação, o ministro já havia prorrogado a nossa concessão, mas foi ruim, porque tirou a pressa da liminar, o ministro julgou a liminar e a indeferiu”, informou Iglesias.

Além da concessão, as obras iniciadas em governos anteriores e que nunca foram concluídas também prejudica a gestão da estatal. “O Amajari já era para estar interligado há pelo menos três anos. Nos governos anteriores licitaram a obra da usina de Sucuba, em Alto Alegre, que teve emenda parlamentar. Com essa obra o Amajari ficaria interligado. Essa subestação interligaria o Amajari e as comunidades indígenas envolvidas nessa região, que nos deram a autorização para a obra, mas nunca foi concluída”, disse.

A subestação de Bonfim, ao Leste de Roraima, enfrenta o mesmo problema. “O contrato para essa obra é antigo, mas ela não foi concluída e não conseguimos dar bom atendimento aos moradores do município. Se tivéssemos as obras concluídas, não estaríamos gastando dinheiro por conta de diesel. Nesse caso de Bonfim, o agravante é que a empresa recebeu o valor adiantado”, frisou.

Na usina de Jatapu, que leva energia elétrica aos municípios do Sul do Estado, as obras já duram anos. “Foi aberto processo para revitalização de duas turbinas e colocação de mais duas para gerar 10 megawatts. As obras começaram, mas não foram concluídas, e hoje Jatapu só gera 2 megawatts. Temos dificuldade em fazer essas empresas contratadas em gestões anteriores concluírem as obras. Se estivessem funcionando, a Cerr economizaria cerca de R$ 2 milhões por mês, e para uma empresa em dificuldade é muito dinheiro”, ressaltou o presidente.

Ele informou que a Cerr tem mais de R$ 100 milhões para receber de ressarcimento com os gastos de combustível da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Nos reunimos com a Aneel para ver uma maneira de receber esse dinheiro que temos de crédito. A nossa reivindicação foi atendida, mas a agência pediu os dados para comprovar os gastos com energia e estamos levantando o material”, frisou. (L.G.C)