Cotidiano

Centenas de venezuelanos lotam a PF em busca de visto e refúgio

Estrangeiros do país vizinho tentam a todo custo regularizar situação no Brasil para evitar a deportação

Centenas de venezuelanos lotaram ontem a área externa e as dependências da Superintendência da Polícia Federal (PF), no bairro 13 de Setembro, zona Sul de Boa Vista. Os estrangeiros foram pedir refúgio e solicitar visto para permanecer legalmente no Brasil. A Assessoria de Comunicação da PF informou que foram mais de 100 atendimentos.

A Polícia Federal já deportou este ano 445 estrangeiros que estavam com a situação irregular em Roraima. As detenções ocorreram principalmente na Capital, Boa Vista, e no Município de Pacaraima, na região Norte do Estado, a 225 quilômetros da Capital pela BR-174. Na fronteira do Brasil com a Venezuela.

Autoridades públicas estimam que 30 mil venezuelanos já migraram para Roraima, fugindo do colapso social do país comandado por Nicolás Maduro. A Venezuela é dona das maiores reservas de petróleo do mundo, mas vive há anos turbulências políticas e econômicas que parecem não ter data para acabar.

 A Venezuela entrou em uma nova fase de sua crise, mais sombria ainda. Depois de violentas manifestações de uma população que passa fome, o governo oficializou a declaração do “Estado de Exceção e Emergência Econômica” pelos próximos meses. O decreto provocou um verdadeiro êxodo dos venezuelanos mundo afora. Fácil constatar. Basta dar uma volta pelas ruas de Boa Vista. Venezuelanos vendem artesanato, fazem malabarismo, limpam pára-brisas e pedem esmolas.

Enquanto essa crise na Venezuela parece não ter fim, o país vive mergulhado no caos que também não dá sinais de que irá acabar tão cedo. Falta de tudo na Venezuela: do papel higiênico à comida na mesa da população. Em 2016, pela primeira vez em 20 anos, o país precisou aumentar o preço da gasolina.

O cenário é agravado ainda pela seca que impactou em cheio um sistema energético obsoleto e despreparado, forçando o governo a cortar a energia elétrica por quatro horas todos os dias. O serviço público agora funciona somente duas vezes na semana e Caracas vem se consolidando como uma das capitais mais violentas do planeta.

O que acontecerá com a Venezuela ainda em 2016 é uma incógnita. Mas a expectativa é que a crise geral que o país vive se agrave ainda mais. Números do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que, até o fim do ano, o aumento nos preços seja de 700%. Dos 190 países monitorados pelo FMI, é a Venezuela aquele que deverá enfrentar a pior recessão. Se Maduro está em apuros, o país está diante de um abismo difícil de ser contornado. (AJ)