Cotidiano

Por causa da violência, profissões se tornaram de risco em Boa Vista

A onda de assalto na Capital coloca em risco a vida de alguns profissionais. Frentistas, comerciantes, taxistas ou cobradores de ônibus, por exemplo, saem para trabalhar, mas temem em não poder voltar vivo. Esses profissionais são os principais alvos de assaltantes.

Uma frentista de 35 anos, mãe de três filhos, já passou momentos de pânico sob a mira de arma de fogo. Em menos de 15 dias, ela disse que foi assaltada duas vezes no posto de combustível onde trabalha, no bairro Nova Canaã, zona Oeste. Nas duas investidas, os bandidos chegaram de motocicleta e o garupa anunciou o roubo.

“Na primeira vez levaram R$ 1.400 e na segunda, mais de R$ 700. Nas duas vezes os bandidos estavam com revólver. Na hora a gente pensa que vai morrer. Continuo trabalhando como frentista, mas tenho medo. Meu sentimento é de insegurança”, lamentou.

Para evitar assaltos a passageiros e cobradores, a gerência da empresa de ônibus Cidade Boa Vista instalou um sistema de bilhetagem, o que dificulta para os bandidos, pois a arrecadação de dinheiro cai mais da metade. Mais de 90% dos usuários de coletivo usam o bilhete.

“Antes ocorriam assaltos, mas já faz um bom tempo que isso não acontece. Nem lembro quando foi o último caso. O bilhete facilita para os usuários e para a gente, e dificulta para os criminosos. O sistema de bilhetagem proporciona mais segurança e comodidade”, avaliou o gerente Tiago Lima.

O taxista José Pereira trabalha há 25 anos na praça de Boa Vista. Agora, ele sai de casa e não sabe se vai voltar. Lamentou que a onda de violência assusta e faz aumentar o sentimento de insegurança na população. José Pereira critica os agentes públicos.

“O governo tem que organizar o sistema prisional porque são os foragidos que assaltam na maioria dos casos. O governo também deve trabalhar com políticas de prevenção na área de segurança pública. Se não fizer isso, a violência vai continuar aumentando e a situação pode piorar ainda mais”, alertou.

José Pereira lamentou os episódios recentes envolvendo colegas de profissão. Disse que toda semana há taxista assaltado. “Mas muitos não dão queixa, não procuram a polícia. O número de roubos a taxistas vem aumentando de forma assustadora desde junho deste ano”, relembrou.

O taxista nunca foi assaltado, mas disse que várias vezes já transportou bandidos, mas que “graças a Deus” sempre escapou dos assaltos. “Roubar taxista é uma grande covardia. Atendemos a qualquer hora, inclusive familiares de bandidos que precisam ir a um hospital durante a madrugada, por exemplo. Hoje, a gente sai de casa para trabalhar e não sabe se volta. Só Jesus!”, exclamou José Pereira. (AJ)

GOVERNO –  A Folha enviou e-mail no começo da tarde de ontem à Secretaria de Comunicação do Palácio Senador Hélio Campos para saber das ações de governo na área de segurança pública, mas a Secom informou que iria se manifestar somente hoje, 17. (AJ)