Cotidiano

Número de casos de dengue e chikungunya cai em Roraima

De acordo com a Sesau, as confirmações de ocorrências de dengue e chikungunya reduziram em 2016; Zika sofreu aumento

Apesar do aumento da preocupação em relação às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, em especial a zika, chikungunya e dengue, em todo o País, dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) revelam que houve uma redução no número de casos dessas doenças em 2016, quando comparados com o ano passado.

Segundo informações contidas nos boletins epidemiológicos emitidos em outubro pela Sesau, em parceria com a Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) e com os municípios do Estado, o número de casos de chikungunya e dengue confirmados caíram.

O número de casos confirmados de dengue sofreu uma redução drástica, saindo de 967 ocorrências em 2015 para apenas 144 até outubro de 2016. Do total, 44 casos foram em Caroebe; 43, em Boa Vista; 27, em São João da Baliza; sete, em Mucajaí; sete, no Cantá; cinco, em Amajari; três, em Bonfim; dois, em Alto Alegre; dois, em Caracaraí; dois, em Pacaraima; um, em Rorainópolis; e um, em Uiramutã. Já em relação aos casos de chikungunya, foram confirmados 17 casos em Roraima no ano passado, e em 2016, até o momento, a informação é de somente oito casos da doença. Seis deles em Boa Vista, um em Mucajaí e outro em Pacaraima.

No entanto, os casos de zika sofreram um aumento considerável em relação ao ano anterior. Em 2015 foram apenas 21 casos reconhecidos, e um total de 103 neste ano, conforme o último boletim. Do total, 80 dos casos são em Boa Vista; 16, em Mucajaí; dois, em Caroebe; dois, em Iracema; um, em Caracaraí; um, em Bonfim; e um, em Pacaraima.

De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Estado, Luciana Cristina Grisoto, e a gerente do Núcleo de Controle de Febre Amarela e Dengue da Sesau, Ana Paula Guth, as ações de controle à proliferação do Aedes aegypti não foram interrompidas e são promovidas periodicamente.

“As ações de controle vetorial do Aedes aegypti são ações de rotina”, explicou Ana Paula. “Quando o vírus da zika entrou no País, houve uma campanha de intensificação das ações, mas as medidas são permanentes, não vão deixar de existir. Com o surto de microcefalia que aconteceu no País, essas ações foram intensificadas, então a meta deixou de ser de 80% para 100% de visitas a imóveis para eliminação e tratamento de criadouros”, informou a gerente.

Ana Paula aproveitou para reforçar que as visitas às casas são realizadas pelo município e o Estado apoia e monitora essas ações, além de gerenciar os carros-fumacê – que são encaminhados sempre que houver uma solicitação dos municípios – e o acompanhamento realizado aos casos notificados de microcefalia em recém-nascidos. “Atualmente nós temos 32 casos notificados de microcefalia, sendo que são 13 confirmados, 14 descartados e cinco ainda estão em investigação”, revelou.

Luciana acrescentou que o processo para confirmação dos casos de microcefalia é demorado, pois o Estado necessita encaminhar os dados ao Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, que é o responsável por fazer as análises das informações. “A gente ainda não obteve resultado de algumas amostras. Então a gente ainda não conseguiu realizar o fechamento do diagnóstico do zika associado à microcefalia em Roraima. Sabe-se que existe a microcefalia, que aumentou nos últimos anos e que, pelo perfil, pode ser causada pela zika, mas não temos uma confirmação laboratorial que comprove essa associação”, ressaltou.

Além do tema sobre a microcefalia, Luciana também lembrou que o Estado faz o acompanhamento dos bebês até cerca de oito meses para identificar outras possíveis manifestações neurológicas. “Não existe só a microcefalia, existem outras doenças que podem se desenvolver decorrentes de infecção após o contato com o vírus zika. Isso pode acontecer em menor escala, mas o zika tem um potencial de manifestação neurológica bem maior”, disse.

PRÓXIMAS AÇÕES – Ana Paula informou ainda que a Sesau já está desenvolvendo as próximas ações de combate ao mosquito Aedes aegypti com foco principal para as novas doenças que começaram a circular mais intensamente no território nacional e para o período chuvoso de 2017, com a produção de seminários, palestras e treinamentos de profissionais da área.

“A gente teve, no mês de novembro, um seminário de segurança de vigilância de arbovirose, que contou com a participação de um palestrante do Ministério da Saúde e tratou da vigilância da febre amarela em primatas não humanos, e as outras arboviroses que começaram a circular em território nacional, como a mayaro, oropouche e mucambo”, revelou.

Outra ação realizada foi o Seminário Anual de Avaliação e Controle de Endemias e Ações de Entomologia, que serviu para verificar o que foi feito pelos municípios durante o ano de 2016 e para começar o planejamento das ações para o próximo ano.

“Temos que lembrar que em março já começa a época de chuva e começa novamente a problemática do aumento da infestação, então, desde agora a gente tem que começar com trabalhos de eliminação de criadouros para que quando chegue a época da chuva a gente não tenha tantos problemas. Para o ano que vem também já existe um preparo com relação à chikungunya, conforme um alerta do Ministério da Saúde, porque existe uma previsão de um aumento de casos, então, já estamos nos preparando com isso em mente”, finalizou Ana Paula. (P.C)

Redução de casos de dengue em Boa Vista chega a 86%

O número de casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti também reduziu na Capital. A Prefeitura de Boa Vista informou que atualmente o município apresenta uma redução geral nas doenças transmitidas pelo mosquito.

No caso da dengue, houve uma redução de 86% no número de casos confirmados, saindo de 371 para 48. Para chikungunya, houve uma redução de 81% no número de casos em relação ao mesmo período de 2015: de 16 para três casos. Já em relação à zika, a Prefeitura informou que em 2015 o número de caso somava mais de 1.000, contra 115 em 2016.

Quanto às doenças que estão começando a circular com mais intensidade no território nacional, como a mayaro, oropouche e mucambo, a Prefeitura de Boa Vista disse que até o momento não recebeu nenhum alerta e nem orientação do Ministério da Saúde sobre as doenças. “A equipe de saúde municipal tem ciência da circulação delas no País, mais não recebeu, até então, qualquer orientação técnica do MS, que é o órgão nacional regulamentador”, explicou.

Apesar de não existir uma recomendação específica, a PMBV reforçou que tem realizado um trabalho contínuo com as equipes de saúde e vigilância municipal que atuam nas visitas domiciliares para identificar e eliminar os possíveis criadouros do mosquito, além de orientar a população sobre os métodos de combate ao Aedes aegypti.

A Prefeitura recomendou ainda que, para evitar a transmissão da dengue, chikungunya e zika, é fundamental que a população verifique se a caixa d’água está bem fechada, não acumule vasilhames no quintal, não deixe calhas entupidas e coloque areia nos pratos dos vasos de plantas, entre outras iniciativas similares. (P.C)