Política

Centro de Referência ao Imigrante realiza cerca de 500 atendimentos

Objetivo do Centro de Referência ao Imigrante é unificar as ações solidárias e ampliar o número de pessoas atendidas

O secretário-executivo da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Doriedson Ribeiro, esteve, neste domingo, 4, no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, para tratar sobre as ações do Gabinete Integrado de Gestão Migratória (GIGM).

Segundo o secretário, o Gabinete foi criado em 17 de outubro pelo Governo do Estado, em parceria com órgãos federais e municipais, com o objetivo de trabalhar a questão assistencial e verificar a minimização dos impactos negativos da imigração de venezuelanos para Roraima. Desde então, o Gabinete já auxiliou na criação do Centro de Atenção ao Imigrante em Pacaraima e do Centro de Referência ao Imigrante, em Boa Vista.

“Inicialmente nós montamos o Centro de Atenção ao Imigrante em Pacaraima para que a gente pudesse fazer uma contabilização da entrada e o perfil dos venezuelanos que chegam ao Estado, porque, até então, a gente não tinha nenhuma informação, apesar de solicitar aos órgãos responsáveis por essa fiscalização”, explicou o secretário.

De acordo com Doriedson, o Gabinete recebe, em média, cerca de 70 a 100 venezuelanos por dia. Deste número, 56% revelaram que vêm a Roraima como turistas, mas posteriormente informam que a entrada como turista é uma tentativa de obter o visto de permanência como refugiados, junto à Polícia Federal.

CENTRO DE REFERÊNCIA – Em relação à criação do Centro de Referência ao Imigrante, o secretário executivo informou que a medida foi implementada com o auxílio de voluntários, outras entidades e organizações não-governamentais (ONG’s), como o Serviço Social do Comércio (Sesc).

No Centro de Referência, os estrangeiros recebem atendimentos de saúde, como exames odontológico e de nutrição infantil, além de alimentação. Dependendo da situação, é possível, inclusive, um encaminhamento para uma unidade de saúde especializada. Segundo Doriedson, desde a instalação do Centro, são realizadas, em média, de 400 a 500 atendimentos diários. “O local é montado para que seja realizado atendimento médico e oferecida alimentação para estas pessoas. Nós estabelecemos este local para poder diminuir os pontos de pressão pela cidade, como a Feira do Passarão e a Rodoviária”, explicou.

A intenção, segundo Doriedson, é levar grupos de pessoas ao Centro de Referência utilizando alguns ônibus, para que elas possam ser alimentadas e atendidas, além de mobilizar os grupos que trabalham com ações solidárias. “Às vezes chega um grupo com sopa, passa um tempo, chega outro grupo com sopa de novo. Um dos nossos trabalhos é organizar esses grupos para que a gente possa maximizar esses resultados”, explicou.

Quanto às contribuições e campanhas feitas por diversos grupos em prol dos venezuelanos, o secretário recomendou que as ações sejam minimizadas também com o objetivo de melhorar as condições de higiene em que algumas destas pessoas se encontram. “Alguns locais não são aptos para as pessoas estarem, muito menos para serem alimentadas ali. Em algumas localidades, as pessoas dormem, se alimentam, fazem as suas necessidades, o que pode causar um grave problema de saúde pública”, declarou. “Nós queremos trabalhar de forma organizada e deixar de estimular que as pessoas continuem ali, em locais impróprios para elas”, acrescentou

Para finalizar, o secretário-executivo afirmou que quem tiver interesse em saber como funciona o Centro ou quiser colaborar de alguma forma, como com doações de produtos de limpeza e descartáveis, pode entrar em contato com a própria Defesa Civil, no número 193, pelo número 99116-0045 ou na sede do Centro, localizada atualmente na avenida Surumu, 1769, no bairro São Vicente, no horário das 09h às 11h, pela manhã e das 14h às 17h, pela tarde.

“O horário de funcionamento do Centro é das 08h às 18h, mas nós pedimos aos colaboradores que venham nesse horário diferenciado para que os outros momentos sejam voltados especificamente para o atendimento das pessoas necessitadas”, explicou Doriedson. (P.C)

Imigração desordenada pode colaborar para emergência na saúde pública
 
O Governo do Estado, por meio da Comissão de Saúde do Gabinete Integrado de Gestão Migratória (GIGM), elaborou um relatório sobre a situação atual do Estado referente à imigração desordenada de venezuelanos para Roraima e os problemas que isso pode acarretar na saúde pública local.

Segundo o relatório, a imigração contínua e desordenada na fronteira Brasil/Venezuela pode colaborar para uma emergência na saúde pública estadual por ter impacto direto na vulnerabilidade socioeconômica e ambiental de Roraima, ocasionando, assim, uma possível mudança na morbimortalidade de ambas as populações, além de surtos/epidemias e risco de desassistência à população, representando um desafio para a rede de serviços da saúde.

Diante deste cenário, o governo brasileiro deve se preparar para aplicar medidas efetivas de prevenção, controle e de contenção de riscos. Além de adotar medidas para aprimorar a capacidade de resposta da rede de serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) do estado de Roraima, de forma a garantir os princípios de universalidade e integralidade dos usuários.

No momento, há uma grande preocupação em relação ao acompanhamento e seguimento dos pacientes atendidos pela atenção primária, principalmente em relação ao início tardio de pré-natal, atualização do cartão de vacinação, assim como com as doenças que podem surgir em decorrência da situação de vulnerabilidade ao qual eles são submetidos, como é o caso de tuberculose, hanseníase, infecções sexualmente transmissíveis e uso de álcool e drogas.

CASOS DE DOENÇAS – O Ministério da Saúde relatou que Roraima foi o estado da região Amazônica que mais notificou casos de malária importada de outros países (2.517 casos), com 69% de participação em relação ao total (3.638 casos), sendo 77% deles (1.947 casos) procedentes da Venezuela. Dentre os municípios com maior ocorrência de casos da Venezuela, destaca-se, em primeiro lugar, Pacaraima, município fronteiriço, com 1.150 casos (59%).

Ao analisar os dados de notificação compulsória no município de Pacaraima, considerando o período de 2014 a 2016, observa-se que os agravos mais notificados nas pessoas que afirmam residir na Venezuela foram: leishmaniose tegumentar americana; acidente por animais peçonhentos; atendimento antirrábico e infecção pelo HIV/AIDS. Em 2016, 68,75% dos casos de leishmaniose tegumentar americana ocorreram em venezuelanos, em relação ao total de casos notificados (48 casos).