Cotidiano

Governo intensificará fiscalização em prédios públicos e abandonados

Servidores estaduais receberão treinamento da Sesau para combater a proliferação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya

Após uma reunião realizada na sexta-feira, 2, com representantes do Ministério Público e Exército, o Governo do Estado definiu algumas ações para intensificar as medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya.

De acordo com o secretário adjunto da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Paulo Linhares, dados do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) do ano de 2016 revelaram que, em Roraima, os municípios com os resultados mais satisfatórios são Alto Alegre, Amajari, Cantá, Iracema e São Luiz, com índice menor de 1% de infestação. Os municípios de Boa Vista, Bonfim, Caracaraí, Mucajaí, Normandia, Pacaraima, São João da Baliza e Uiramutã estão com índice de infestação em estado de alerta, entre 1 e 3,9%. Já Rorainópolis e Caroebe estão com o índice de infestação elevada, acima de 4%.

Para tentar melhorar esses dados, o secretário ressaltou que o Governo do Estado tem executado novas medidas, entre elas, a mobilização nos domicílios em parceria com o Exército, a recente entrega de três veículos oriundos do Ministério da Saúde para combate ao mosquito e a edição do decreto dos brigadistas, que determina que cada órgão tenha brigadistas no prédio, responsabilizando o Estado pela limpeza dos prédios públicos. “Agora cada secretaria, autarquia, fundação, tanto da administração direta quanto da indireta terá, por decreto, três servidores brigadistas por instituição para que possam fiscalizar seus prédios públicos e dando exemplo também à população”, afirmou o secretário.

Linhares informou que todos os servidores serão treinados pelo Núcleo de Febre Amarela e Dengue, da Sesau, e que será de responsabilidade dos brigadistas a fiscalização dos prédios – uma vez por semana, com o intuito de eliminar os criadouros do mosquito – e a confecção de relatórios.

Quanto aos imóveis que estão desocupados, o secretário explicou que a atribuição será da secretaria de origem. “Se aquele imóvel é da Secretaria de Educação, de Saúde, por exemplo, a secretaria terá que ser responsável pelo combate aos criadouros desses imóveis”, garantiu.

IMIGRAÇÃO – O secretário também acredita que em 2016 as ações de combate ao mosquito foram mais difíceis em razão do intenso fluxo imigratório de estrangeiros, em especial de pessoas que saem da Venezuela e vêm para o Brasil por conta da forte crise econômica que se instalou no país. “Muitas vezes as pessoas chegam sem ter condições e se abrigam nas ruas e em locais sem a menor condição sanitária, muito mais vulneráveis a contrair doenças”, informou.

O secretário confirmou também que, além dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, a saúde estadual também apresentou dificuldades por conta da necessidade de atendimentos à população venezuelana, principalmente no hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima, e no Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista.

“Por exemplo, 52% dos pré-natais feitos em Pacaraima são em pacientes venezuelanas. No pronto atendimento do HGR, em 2014, foram atendidos 324 venezuelanos; no ano passado foram 1.240. Em 2016, que ainda não terminou, nós já atendemos 2.058 venezuelanos”, disse Paulo Linhares.

O secretário reforçou, no entanto, que não há nenhuma tentativa de negar atendimento aos estrangeiros. “É obvio que nós nunca vamos nos negar a ser solidários a atender o nosso irmão venezuelano. Se o Brasil está passando por uma crise, a Venezuela está passando por uma crise muito maior. O que a gente quer é atender com mais dignidade, mais conforto, mais capacidade e por isso a gente precisa do Governo Federal”, explicou.

Linhares também reforçou que essa preocupação já foi levada pela governadora Suely Campos ao presidente Michel Temer, que teria garantido um olhar diferenciado às necessidades da saúde de Roraima. “Já existe um sub-financiamento quando a gente tem que atender uma certa população, que é a brasileira. Quando a gente aumenta muito de atendimento, a gente precisa de um suporte maior, e isso não está sendo levado em conta pelo Governo Federal”, finalizou. (P.C)