Os consumidores boa-vistenses gastaram, em novembro, R$ 408,63 com produtos que compõem a cesta básica. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o conjunto básico de alimentos na Capital, o 11º mais caro entre as 27 capitais do Brasil e 2º da região Norte, teve redução de -7,35% nos preços, a mais expressiva do País.
Nos 11 primeiros meses de 2016, segundo o Dieese, a alta acumulada na cesta básica em Boa Vista foi de 12,29%. A expressiva retração no preço médio de produtos como a banana, tomate, feijão e manteiga influenciaram diretamente na queda da cesta, que teve quatro meses consecutivos de alta.
Entre outubro e novembro, conforme o Departamento, houve a retração no valor médio da banana (-20,06%), tomate (-15,97%), feijão carioquinha (-14,72%) e manteiga (-8,10%). Outros quatro produtos apresentaram quedas menos intensas e menores do que a taxa média da cesta: leite integral (-2,63%), óleo de soja (-1,56%), arroz agulhinha (-0,54%) e pão francês (-0,13%). As altas foram observadas para café em pó (4,72%), farinha de mandioca (4,47%), açúcar (1,69%) e carne bovina de primeira (0,59%).
Conforme a pesquisa, entre janeiro e novembro de 2016, quase todos os produtos acumularam alta: feijão carioquinha (97,34%), açúcar (58,33%), arroz agulhinha (49,88%), manteiga (34,90%), farinha de mandioca (30,47%), leite integral (24,55%), café em pó (17,91%), óleo de soja (16,58%), banana (14,83%), carne bovina de primeira (5,23%). Tomate (-15,23%) e pão francês (-1,50%) apresentaram variações acumuladas negativas.
O Departamento pesquisou 84 estabelecimentos comerciais, que englobam supermercados, feiras-livres, padarias e açougues, distribuídos em quase todos os bairros de Boa Vista. (L.G.C)
Consumidores afirmam que produtos continuam caros
Desde julho tendo que arcar com altas consecutivas no preço da cesta básica em Boa Vista, que chegou a ser a mais cara do Brasil no acumulado do ano, os consumidores reconheceram que pagaram mais barato por alguns itens, mas afirmaram que os produtos continuam caros. “Percebi que o feijão e o arroz diminuíram e estão mais em conta. Deu para sentir um impacto positivo no preço de alguns produtos. Eu compro de quantidade, de cinco quilos de arroz e feijão. Esse mês gastei com o arroz, feijão, açúcar, farinha e café. Deu R$ 200, fora a carne”, disse a vendedora Silvia Elena.
Mesmo com a queda nos preços de alguns produtos, o ajudante de pedreiro, Raimundo Evangelista, afirmou que um trabalhador assalariado tem dificuldades para conseguir se alimentar. “O arroz está até em conta, senti uma diminuição pequena. Eu gasto em média R$ 60,00 por semana com arroz, feijão, açúcar, café e óleo. É um custo que compromete bastante o nosso salário, não podemos fazer uma cesta boa e temos que comprar na base do que recebemos, porque um salário é coisa pouca”, lamentou.
A auxiliar de serviços gerais, Cleucimar Pereira, relatou que compra os produtos da cesta aos poucos para não comprometer tanto a renda. “Não senti nenhuma diminuição, os preços estão iguais. Eu faço as compras sempre nesse supermercado e percebi que os produtos estão caríssimos. Antes comprava de muito, mas depois que esses produtos aumentaram de preço não tive mais condições. Hoje em dia a pessoa tem que ter dois salários para conseguir pagar alimentação e dívida”, frisou. (L.G.C)
Salário mínimo para manter famílias deveria ser de R$ 3.940,41, diz Dieese
O Dieese informou que o trabalhador boa-vistense, que recebe o equivalente a um salário mínimo, cerca de R$ 880,00, comprometeu 50,47% da remuneração líquida, ou seja, após os descontos previdenciários, com a cesta básica em novembro. Em outubro, o percentual exigido era de 54,48%.
Para conseguir comprar uma cesta básica, o boa-vistense que recebe apenas um salário mínimo precisou cumprir, em novembro, jornada de 102 horas e 10 minutos, menor que o tempo necessário em outubro, de 110 horas e 16 minutos.
Com base na cesta mais cara, que, em novembro, foi a de Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estimou mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Em novembro de 2016, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.940,41, ou 4,48 vezes o mínimo de R$ 880,00. Em outubro, o mínimo necessário correspondeu a R$ 4.016,27, ou 4,56 vezes o piso vigente. (L.G.C)