O governo da Venezuela está reativando instalações militares ao longo da fronteira com o Brasil. São 12 postos de controle, conhecidos como alcabalas, distribuídos pelo eixo rodoviário que liga a cidade de Santa Elena do Uairén à cidade brasileira Pacaraima, após a divisa dos dois países, ao Norte do Estado. A rota é o principal caminho de entrada dos refugiados venezuelanos que chegam ao Brasil pela fronteira Norte de Roraima.
O vice-cônsul da Venezuela em Roraima, José Marti Uriana, explicou, em entrevista à Folha, que o governo reativou as alcabalas por uma questão de segurança e para combater criminosos que atuam principalmente nos garimpos em terras indígenas venezuelanas, o que é ilegal naquele país.
“A reativação dos postos não é uma forma de barrar a entrada de venezuelanos em Roraima, mas para assegurar os moradores de Santa Elena do Uairén, que é a capital de Gran Sabana. O foco é o combate aos criminosos que garimpam as terras indígenas venezuelanas. Em nosso país, o garimpo artesanal é legalizado, mas não em área indígena”, frisou.
As alcabalas são pequenas, com cerca de 15 militares em cada uma, e ficam numa região até duas semanas. Depois, são montadas em outros pontos estratégicos. Além dos militares, funcionários civis do governo da Venezuela também fazem fiscalizações em carros, ônibus e caminhões. Famílias inteiras, cargas e bagagens passam por verificações minuciosas. A rigorosa inspeção, com a suposta prática de extorsão por parte dos guardas venezuelanos, é denunciada com frequência por brasileiros que ainda se arriscam em fazer turismo no país vizinho, mergulhado há anos no caos social.
BRASIL – A Polícia Rodoviária Federal também apertou o cerco. A fiscalização móvel e estática foi intensificada e ocorre em toda a extensão norte da BR-174, rodovia que interliga o Brasil à Venezuela. A PRF concentra esforços neste trecho da rodovia para evitar a entrada ilegal de venezuelanos em Roraima.
Segundo denúncia veiculada pela Folha, os venezuelanos fretam táxis, vans e até ônibus em Santa Elena do Uairén para chegarem a Boa Vista. Somente neste ano a Polícia Federal já deportou quase 500 venezuelanos sem documentação e visto em Roraima.
NECESSITADOS – Sobre os venezuelanos necessitados em Boa Vista, o vice-cônsul da Venezuela em Roraima, José Marti, orienta-os a recorrerem ao Centro de Referência ao Imigrante, na avenida Surumu, no bairro São Vicente, zona Sul, onde há almoço, janta e atendimento médico e odontológico. O número de atendimento no Consulado aumentou nos últimos meses. “Mas aqui só prestamos orientações aos refugiados”, frisou.
Quem mais vai ao Consulado, segundo Marti, procura informações a respeito de saúde. O vice-cônsul disse que, dependendo do caso, orienta os venezuelanos a procurarem o Hospital Geral de Roraima, (HGR), a Maternidade Nossa Senhora de Nazaré ou o Hospital da Criança Santo Antônio. “Se o problema não for de saúde, aí a orientação é procurar o Centro de Referência ao Imigrante”, frisou. (AJ)