Segundo peritos criminais consultados pela Folha, o foragido do sistema prisional de Roraima, Élio de Frank Araújo, vulgo “Muito Doido”, suspeito de matar o gerente de restaurante Genésio de Araújo, 27 anos (veja mais sobre o assunto na página 10A), é um homicida contumaz e utiliza um “modus operandi” que induz à conclusão de psicopatia, ou seja, ele age semelhante a um “serial killer”. Há uma possibilidade de ele não estar agindo sozinho.
“O psicopata geralmente tem um QI acima da média. É dissimulado e inteligente. Neste caso, observa-se que este indivíduo é frio, calculista e usa mecanismos para atrair suas vítimas. É extremamente perigoso. Um dos piores que eu vi dessa década”, concluiu experiente policial civil e diretor do Instituto de Criminalística de Roraima, Sttefani Pinheiro Ribeiro.
A polícia não descarta a possibilidade de o foragido, além de latrocida, ser um psicopata matador de homossexuais. Ele atrai as vítimas pelas redes sociais. No Facebook, por exemplo, ele utiliza o perfil falso de Bruno Castro Sousa. Ontem à tarde, o foragido atualizou seu perfil, publicando uma taça com cerveja e um sinal de luto pelas mortes dos dois foragidos, ocorridas neste final de semana, após troca de tiros com a polícia.
A página “fake”, que apresenta Bruno Castro Sousa com boa aparência e fotos insinuantes, na verdade esconde o perfil de um bandido de alta periculosidade, segundo a polícia. A Folha pesquisou o perfil e descobriu conversa de “Muito Doido” com Genésio, o gerente que seria assassinado dias depois, o qual se apresentava como “Genésio Vidinha”.
Na página, o foragido diz que seria noivo e natural de Teresina, no Piauí. Apesar de presidiário, diferente dos colegas de cela, “Bruno” só publica fotos que não indicam que estava preso. Tem foto dele até na Serra do Tepequém, ponto turístico no Município do Amajari, Norte do Estado.
Nas últimas publicações, de cabelo cortado, barba feita e com brincos, “Muito Doido” convida “amigos” para conversar, mas, na verdade, segundo a polícia, o latrocida tenta atrair suas vítimas, a maioria homossexual.
O foragido tem em seu perfil falso quase cinco mil “amigos”. Ele se apresenta como “educado e carente”, não há palavrões nem gírias, o que induz as vítimas a acreditarem que ele possa ser um “bom partido”, mas é extremamente perigoso, com perfil de psicopata, segundo a polícia. (AJ)
Peritos encontram mais provas em carro de gerente
Peritos do Instituto de Criminalística de Roraima encontraram vestígios de cocaína em cima do painel do carro do gerente Genésio de Araújo, 27 anos, morto possivelmente na quarta-feira passada e desovado próximo a uma estrada que dá acesso ao Anel Viário, a cerca de um quilômetro do bairro Cidade Satélite, zona Oeste da Capital (veja mais na página 10A). O principal suspeito é o foragido Élio de Frank Araújo, vulgo “Muito Doido”, considerado de alta periculosidade pela polícia.
Os peritos também encontraram no carro do gerente um mato muito semelhante ao encontrado na região onde foi encontrado o corpo. Dentro do carro também havia um fio elétrico que, segundo o técnico que fez a perícia, é o mesmo que fora utilizado para amarrar o gerente.
O carro de Genésio, uma picape Strada prata, foi encontrado na sexta-feira à noite, no bairro Jardim Primavera, na zona Oeste, após “Muito Doido” e um comparsa, segundo a polícia, se depararem com uma blitz. No teto do carro, os peritos da Criminalística também encontraram uma mancha pardo-avermelhada, semelhante a sangue. O material genético ainda passa por análise.
Os resultados dos exames periciais vão substanciar o inquérito policial dos investigadores da Delegacia-Geral de Homicídio (DGH), especializada responsável pelo caso. O diretor do Instituto de Criminalística de Roraima, Sttefani Pinheiro Ribeiro, adiantou à Folha, ontem à tarde, que até sexta-feira, dia 9, os resultados dos exames no carro do gerente teriam sido encaminhados à DGH.
Sobre os exames no cadáver de Genésio, o diretor disse que os peritos têm um prazo de 10 dias para concluir os trabalhos e que depois o laudo também será remetido para substanciar o inquérito policial.
“O carro do gerente foi periciado na sexta-feira à noite, no local onde foi abandonado, mas passou novamente por uma perícia na manhã do sábado, quando estava claro, melhor para fazer a perícia. Por determinação da delegada-geral Edinéia Chagas, eu acompanhei os trabalhos. Os peritos fizeram testes e encontraram preliminarmente vestígio de cocaína no painel do carro”, frisou o diretor.
O suposto latrocínio está em investigação, por isso a polícia não pode dar mais informações. “Muito Doido” já fugiu três vezes da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, onde cumpre pena por vários crimes, entre eles latrocínio e assalto. (AJ)
