Cotidiano

Integrantes de grupo de sem-tetos denunciam perseguição e venda ilegal de terras públicas

Representantes de um grupo de sem-tetos, formado por 250 famílias que ocuparam há mais de cinco meses uma área de 85 lotes no bairro Cidade Satélite, próximo aos prédios do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, procuraram a Folha ontem para denunciar a venda ilegal de terras destinadas a programas habitacionais. Eles também reclamam que vêm sofrendo perseguição por parte do diretor do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), coronel Santos Rosa. 
Eles alegam que só ocuparam a área, pertencente ao governo e destinada à construção de casas populares, porque notaram que os agentes do governo que deveriam trabalhar na regularização e assentamento para moradia de famílias necessitadas estavam repassando a área, de maneira ilegal, para empresas de construção.
“No começo, o pessoal do Iteraima nos apoiou. Porém, na época da eleição, quando eles souberam que nós votaríamos no concorrente, começaram a nos coagir e a cobrar propina para que as pessoas continuassem aqui. Logo depois, tentaram vender as áreas para empresas de construção. Eles se uniram ao antigo líder no nosso movimento e começaram chantagear e coagir as pessoas que estavam aqui. Nós temos tudo gravado em video”, disse o atual representante do movimento, Josiel Ribeiro de Araújo.
Conforme o líder, o diretor do Iteraima tem feito visitas regulares ao local. “Ele vem aqui achando que tudo é dele e se achando superior. Ele trata todo mundo com arrogância, usa um palavreado muito baixo. Não respeita as mulheres grávidas e muito menos as crianças que temos aqui. Ele aterroriza, mas nunca vem com um documento concreto nem pra dizer que nós não podemos ficar e nem para dizer que a terra tem dono”, afirmou
Outro integrante do movimento, Rogério Alves Farias, disse que ganhou do Iteraima, em 2012, um lote ao lado da área invadida, mas que não pode construir porque a documentação estaria embargada. “Um dia eu cheguei aqui e vi que estavam sendo construídas casas de alvenaria no meu terreno. Então fui ao Iteraima procurar saber o que estava acontecendo. Lá eu descobri que era uma empresa que tinha se apossado do meu terreno com autorização do coronel. Quando eu fui questionar, ele jogou todos os meus documentos no chão e disse que não valia nada e que eu tinha 15 dias para construir ou eles continuariam as obras. Fui humilhado dentro do próprio Iteraima, eu não admito isso”, reclamou Farias,mostrando o documento de posse das terras e o boletim de ocorrência registrado contra o diretor do órgão.   “Eu não sei quem eles pensam que são, mas nós estamos aqui procurando os nossos direitos e ficaremos até que alguma providencia dos órgãos competentes seja tomada, pois nós não ficaremos calados”, frisou.
ITERAIMA – A Folha entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do Iteraima, que informou que iria se pronunciar sobre o caso “o mais breve possível”. Até o fechamento desta matéria, às 18h de ontem, não houve retorno. (JL)