Polícia

Operação combate tráfico de quelônios

Criminosos se embrenharam na mata e escaparam, mas os agentes federais e PMs conseguiram soltar 154 tartarugas e tracajás

Agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama/RR) e policiais militares da Companhia Independente de Polícia Ambiental (Cipa) apreenderam e soltaram, esta semana, 154 tartarugas e tracajás na região do Baixo Rio Branco, no município de Caracaraí. Eles participaram da operação “Tabuleiro Zero”, que combate o tráfico de quelônios em Roraima. Os policiais apreenderam ainda materiais de pesca predatória e seis canoas utilizadas pelos traficantes. As embarcações foram queimadas lá mesmo.

O analista ambiental Ari Alfredo, membro da equipe do Ibama que participou da operação, disse que a investida das forças do Estado serviu para coibir o tráfico de animais silvestres, em especial o quelônio, durante este período de festas de final de ano, quando a carne de tartaruga é muito procurada no mercado negro de restaurantes de Manaus (AM).

De acordo com o analista, a operação ocorreu entre os dias 7 e 22 deste mês, em uma região compreendida da foz do Rio Branco, no Amazonas, até Caracaraí, em Roraima. Além dos agentes do Ibama e de policiais militares da Cipa, oito práticos também participaram da operação.

“Apreendemos redes grandes utilizadas para captura de quelônios, seis malhadores, e dois motores “rabeta”. O Rio Branco está seco, com pouca água e menos quelônios. A operação vai continuar para combater o tráfico desses animais”, avisou o analista ambiental.

O agente ambiental federal Francisco Wilson, também do Ibama, explicou que a procura pelos quelônios da Amazônia ocorre com mais frequência neste período porque a carne da tartaruga é exótica, nobre e muito requisitada por restaurantes de Manaus. “Por isso que ocorre o tráfico deste animal. Uma tartaruga no mercado negro, por exemplo, pode custar até R$ 500. Nossa preocupação é com a espécie, pois ela corre risco”, alertou Wilson.

Quando perceberam a chegada dos policiais, os traficantes se embrenharam na mata e conseguiram escapar, mas deixaram para trás o acampamento, segundo os agentes, grande, com capacidade para abrigar mais de dez bandidos. O acampamento estava a mais de um quilômetro da beira do rio.

Wilson lamentou que o quelônio esteja em declínio. Ele lembrou que há dois anos foram registradas mais de 800 covas, ou seja, pontos de desova. Hoje só foram identificadas 240 covas, o que representa uma queda de 70%. “Se continuar neste ritmo, logo este animal entrará na lista de ameaçados de extinção”, alertou o agente. (AJ)
 
80% de animais silvestres retornam à natureza

De janeiro a dezembro deste ano, 450 animais silvestres foram entregues no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), no bairro Cidade Satélite, zona Oeste da Capital. Desses, 80% retornaram à natureza, conforme detalhou o diretor do Cetas, James Rodrigues. Os demais animais, aqueles que não conseguem mais sobreviver em seu habitat natural, são doados a zoológicos, onde também recebem os devidos cuidados.

Atualmente, o Cetas cuida de 120 animais, entre jabutis, aves (a maioria) e mamíferos. Tem macaco prego e até macaco-aranha, espécie ameaçada de extinção. Biólogos e cuidadores também tratam de um catitu, uma espécie de porco do mato muito comum na região amazônica.

James Rodrigues alertou a população para que não crie animais silvestres e não cometa crimes ambientais. Ele lembrou que capturar, criar ou matar animal silvestre é crime de acordo com a lei 9.605, e a pena pode variar de seis meses a um ano de detenção, mais multa. “Mas cada caso é um caso. Se o animal estiver na lista dos ameaçados de extinção, por exemplo, a pena é agravada. Por isso, orientamos a população a não receber, nem criar animal silvestre em casa. Se tiver, pode nos ligar que poderemos ir buscar”, orientou o diretor.

Ele esclareceu que, no caso da entrega voluntária de um animal silvestre, o cidadão não será multado, nem penalizado, mas o diretor avisou que se for apreensão por denúncia, quem estiver com o animal silvestre responderá pelo crime previsto nas leis de proteção ao meio ambiente. Para denunciar, o número é: 3625-0812, ou pelo 190.

O diretor esclareceu ainda que no caso de pássaros, principalmente curiós e canários, o criador tem que estar regularizado junto ao órgão responsável, no caso a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh). Mas James Rodrigues adverte que, mesmo estando legalizado, o criador não pode capturar o pássaro na natureza. “O pássaro também tem que estar com anel de identificação devidamente registrado no Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis), órgão que mantém o cadastro nacional”, finalizou. (AJ)