Cotidiano

Aumenta invasão à área da Codesaima que já serviu à empreiteira Odebrecht

Além dos 40 quartos de alvenaria abandonados desde a década passada pela Odebrecht, agora estão sendo construídos barracos

Invasores ocuparam um terreno da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) ao lado do Comando do Corpo de Bombeiros, no bairro Pricumã, zona Oeste da Capital. Além dos barracos no terreno, na área também há 40 quartos de alvenaria que foram construídos na década passada pela empresa Odebrecht, segundo moradores antigos da Travessa Mestre Albano.

Os invasores fizeram ligação clandestina, chamada de “gato”, para terem energia elétrica e água, mas a fiação exposta coloca em risco a vida dos próprios invasores. O muro do terreno do Corpo de Bombeiros serve como parede dos apartamentos. Há uma vala para escoar a água em frente à invasão porque no local não há rede de esgoto.

O aposentado João Neto, de 70 anos, que mora na travessa há mais de 20 anos, lembrou que os quartos foram construídos pela Odebrecht há mais de 10 anos para abrigar funcionários. A empresa terminou a obra e foi embora, mas os apartamentos foram abandonados e logo depois invadidos.

Tempos depois, ainda segundo o aposentado, apareceu um empresário alegando ser o dono do terreno, mas como não apresentou documento do imóvel, os moradores continuaram nos quartos. “No ano passado, alguns invasores construíram barracos nas imediações”, lembrou João Neto.

A Folha foi ao local, ontem pela manhã, e constatou que tem até uma família venezuelana morando lá, debaixo de um galpão abandonado com vários carros sucateados. Eles não quiseram gravar entrevista.

O autônomo Historlano Neto, de 26 anos, que ocupa um dos quartos, disse que já foi várias vezes à Codesaima tentar regularizar sua situação. Ele confirmou o que foi contado pelos moradores e acrescentou que a Odebrecht teria autorizado aquelas pessoas a permanecerem nos apartamentos.

Sobre as ligações clandestinas, Neto também lembrou que já foi à empresa Eletrobras solicitar a ligação de energia, mas aguarda até hoje. “Puxamos ‘gato’ porque não vieram ligar nossa luz, mas é bom deixar claro que queremos pagar pela energia que consumimos”, frisou.

O autônomo também lembrou que os próprios moradores providenciaram a limpeza do terreno. Segundo ele, a área servia como um grande depósito de lixo. “Nós pagamos até trator para retirar os entulhos. Aqui era uma lixeira. Jogavam até carcaças de animais. Nós pagamos pelas horas de trabalho de um trator e agora está tudo limpinho”, frisou.

Moradores próximos confirmaram que o local servia como lixeira, mas não aceitam que vire uma “favela”. “Começaram a armar barracos e a gente já pediu para que não invadam. Aceitamos apenas os moradores dos apartamentos”, frisou o aposentado. (AJ)

GOVERNO – A Folha enviou e-mail ontem pela manhã para a Secretaria de Comunicação do Palácio Senador Hélio Campos, que informou que se pronunciará somente hoje sobre o assunto.