Cotidiano

Escolas estaduais em tempo integral vão atender mais de 2.400 alunos

De acordo com o Departamento de Educação Básica da Seed, implementação vai dar mais chance aos alunos na hora de prestarem exames para Enem e vestibular

A Diretora do Departamento de Educação Básica da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), a professora Lucimar Sales, esteve no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, no domingo, 8, para tratar sobre a implantação do Ensino Médio em tempo integral em oito escolas do Estado, contemplando 2.460 alunos a partir deste ano.

Na Capital, a implementação ocorrerá na escola Ana Libória, no bairro Mecejana; na escola Severino Cavalcante, no bairro Sílvio Botelho; na escola Jaceguai Reis Cunha, no bairro Caimbé; na escola Maria das Dores Brasil, no bairro Treze de Setembro; e na escola Antônio Carlos Natalino, no Jóquei Clube. No interior do Estado, a integração ocorrerá na escola Padre José Monticone, em Mucajaí; na escola Sales Guerra, em Caracaraí e José de Alencar, em Rorainópolis.

Segundo Lucimar, as escolhas das unidades escolares tiveram que ser feitas conforme alguns critérios, como ter no mínimo 120 alunos no primeiro ano, ser somente uma escola de ensino médio, sem ensino fundamental e possuir a menor nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Em todas essas nossas escolas, as notas estão em torno de 2 a 2,6”, revelou. “Já as escolas que têm outros níveis de ensino, como a Jaceguai, nós conseguimos uma autorização para implementar”, disse.

Conforme a educadora, a escola de tempo integral tem o objetivo de dar mais oportunidade para os alunos. “O aluno, que os pais têm condições financeiras, estuda em um turno na escola pública e, no outro turno, o pai paga para ele fazer o cursinho. O aluno vai fazer o vestibular, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com uma carga de informação diferenciada dos alunos que só estudam na escola pública e não têm condições de fazer um cursinho. Então, essa implantação vem com esse foco, de preparar o aluno para que ele possa concorrer numa situação mais confortável para o seu ingresso no curso superior”, avaliou a professora.

Segundo Lucimar, com a implementação da escola em tempo integral, haverá evidentemente um aumento da carga horária. Hoje o aluno do Ensino Médio possui uma carga horária de 800h/ano, e o aluno da escola integral passará a ter uma carga horária de 1.400h/ano. “A carga horária diária hoje em dia é de quatro horas e ele passaria a ter sete horas, todos os dias da semana. Fica critério da escola a definição, mas a gente entende que a tendência é ficar quatro horas pela manhã e três à tarde”, revelou.

A educadora revelou que, no primeiro momento, o aluno não poderá ficar os dois horários seguidos na escola e que a implantação será feita de forma gradativa. “O Brasil não tem estrutura para comportar os alunos em horários seguidos, então os estados precisarão se adequar em três anos”, comentou.

Com relação aos alunos que utilizam transporte coletivo, Lucimar informou que houve a preocupação de que a implantação ocorresse em escolas com a estrutura física adequada e em unidades educacionais localizadas dentro dos bairros para evitar um custo maior aos estudantes e responsáveis.

VOCAÇÃO PROFISSIONAL – Outra característica importante da escola em tempo integral, segundo Lucimar, é o chamado ‘protagonismo juvenil’, com o acréscimo da disciplina ‘Projeto de Vida’, que visa na descoberta da vocação profissional do aluno.

“Por exemplo, no primeiro ano o aluno vai continuar estudando as mesmas disciplinas que têm hoje no Ensino Médio, mas com uma disciplina que se chama “Projeto de Vida”, para que no segundo ano o aluno possa escolher o seu curso de formação. Se o caso for de Medicina, então o aluno precisa ter amadurecido que nesse caso, ele precisa ter uma carga horária de Química, Biologia, bem maior do que a carga de outras disciplinas. No primeiro ano, é feito esse trabalho, e no segundo ano, a carga horária vai ser diferente, dependendo da área que o aluno queira seguir”, afirmou a professora.

Lucimar disse que, de acordo com o que o for decidido pelo aluno, o estudante vai ter uma carga horária maior em uma das quatro áreas: Humanas, Exatas, Ciências e Profissional. No entanto a professora admitiu que, no momento, a iniciação da área profissional não será tão bem ofertada por conta da necessidade de equipamentos técnicos, que serão ampliados com os recursos do Governo Federal, na faixa de R$ 2 mil por ano, por aluno, transferidos junto com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

“Nós vamos trabalhar a área profissional de forma mais discreta agora porque a gente ainda precisa de mais laboratórios e mais condições”, afirmou. “Em cada escola foi feito um diagnóstico do que precisa. De um refeitório, por exemplo. Então o dinheiro já será determinado para melhorar a estrutura de cada unidade educacional”, acrescentou.

CRÍTICAS – Sobre as críticas da implantação das escolas em tempo integral e do novo ensino médio, a professora afirmou que acredita que o ponto da discussão entre as pessoas é por conta de a decisão ter sido tomada por meio de medida provisória e sem a consulta a educadores e alunos.

“É uma discussão de que os estados participaram e o texto só foi mudado para uma medida provisória para se ter uma tramitação mais rápida. O texto foi construído pelos Estados, pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação dos Estados (Consed) e estava previsto no Plano Nacional de Educação, aprovado desde 2014, também ouvindo a base, com participação de todos os professores”, finalizou. (P.C)