Cotidiano

Médicos da Maternidade confirmam precariedade e pedem melhorias

Na segunda-feira, dia 24, uma nova reunião deverá ser realizada entre diversas autoridades para discutir situação da Unidade de Saúde do Estado

Com a intervenção parcial realizada pelo CRM (Conselho Regional de Medicina), que interditou parcialmente o Hospital Infantil Nossa Senhora de Nazareth, no bairro São Francisco, por falta de medicação e de materiais hospitalares, médicos da Unidade, que incentivaram o ato, alegando “condições precárias para o desenvolvimento das atividades clínicas na unidade”, relataram à Folha as condições atuais que do sistema de saúde local.
Os médicos, da unidade, que pediram para não serem identificados, relataram que o estado da saúde oferecida no local é precário há muito tempo. Uma das médicas que trabalha na Maternidade, afirmou que a falta de medicamentos é constante e sempre é necessário que eles “se virem com o que tem”. “Nós costumamos perguntar qual o remédio que está de plantão naquele dia, na hora prescrever a medicação para o paciente, porque todo dia temos a insuficiência de algum medicamento básico”, relatou.
Outro fator destacado pelo corpo médico da Maternidade foi a superlotação. “Como se não fosse o suficiente a falta de todos os tipos de medicação e aparelhos, temos a superlotação. Qualquer dia desses estaremos realizando partos no chão. É preciso fazer tudo com muita urgência porque se aparecer alguém a mais mulheres podem ficar sem ter onde se internar”, ressaltaram, destacando ainda que o HGR (Hospital Geral de Roraima) já passou e está passando, por ampliação, já a maternidade não passa por uma reforma há muito tempo.
Conforme anunciado na edição de da última sexta-feira, dia 21, após uma inspeção na unidade, o CRM suspendeu as cirurgias eletivas e apenas as cirurgias de urgência e emergência estão autorizadas a ser realizadas dentro da unidade.
A medida foi tomada em atendimento a uma solicitação feita pelos médicos que trabalham na Maternidade. Eles reivindicaram uma intervenção por parte do conselho no sentido de solucionar os problemas de desabastecimento, que foi classificado como “crônico” e pelo presidente do CRM, Alexandre Marques.
SESAU- Sobre a suspensão das cirurgias a Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) informou, por meio de nota, que para discutir a crise no abastecimento das unidades hospitalares estaduais de Roraima, estiveram reunidos no CRM, na manhã desta última sexta-feira, o secretário estadual de Saúde, em exercício, Sálvio Alcoforado, o presidente do conselho de classe, Alexandre Marques, representantes da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do MPRR (Ministério Público do Estado de Roraima), diretores de unidade e representante da Proge (Procuradoria-Geral do Estado). No sentido de garantir os atendimentos de urgência e emergência, que envolvem risco iminente de morte, que dão entrada no HGR e Hospital Materno-Infantil Nossa de Nazareth, ficou definido na reunião pela suspensão das cirurgias eletivas de pacientes externos, até a regularização do abastecimento. As cirurgias de urgência serão mantidas normalmente.
Na nota a Direção da Sesau informou que “vive um momento delicado”. “Processos para abastecimento de material e medicamento médico- hospitalar estão suspensos de contratação e de empenho para adequação de possíveis sobrepreços, atendendo à determinação do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Por outro lado, as empresas evitam participar dos certames, sendo aquelas que participaram, acabam suspendendo as entregas em função das determinações dos tribunais, acarretamento, portanto, o desabastecimento”, explicou a nota.
A Sesau informou ainda na nota, que está agendado para segunda-feira, dia 24, no CRM, uma reunião com a gestão atual da Sesau, a equipe de transição na área da Saúde do próximo governo, CRM e Ministérios Públicos do Estado e de Contas para tratar do assunto. “Estamos oficializando ao TCE, que envie um representante do órgão para essa reunião, pois precisamos da participação de todos para encontrar a melhor solução”, disse Sávio Alcoforado.