Cotidiano

Da venda de churrasco, empreendedor chega à produção de linguiça caseira

Com churrasqueira doada por amigo e R$ 30,00, empreendedor pagou dívida de R$ 360 mil de falência e hoje exporta seu produto para Manaus

A história do microempresário Josineudo Sampaio, de 37 anos, foi marcada desde o começo pelas dificuldades da vida, como a de muitos outros empreendedores populares. Mas o autônomo deu a volta por cima e hoje tem 18 funcionários trabalhando na sua fábrica de linguiça caseira, na Rua Lindolfo Bernardo Coutinho, no bairro Asa Branca, zona Oeste da Capital.

Jô, como é mais conhecido, chegou a Boa Vista ainda criança, com 12 anos de idade. Na sua trajetória de vida empresarial, o maranhense lembrou que no começo foi muito difícil. “Abri um supermercado, mas logo quebrei por causa da alta carga tributária e de impostos deste País. Mas aproveitei uma oportunidade que tive e, com a experiência adquirida, comecei outro negócio. Hoje tenho um fábrica”.

Após fechar as portas do supermercado, devendo mais de R$ 360 mil, Jô teve que começar tudo de novo, do zero, como ele relembra. Então, passou a vender churrasquinho na Rua Mestre Albano, no bairro Asa Branca. Ele recorda que um amigo lhe doou a churrasqueira. “Isso tudo há sete anos. Eu quebrei mesmo e fiquei todo endividado, mas nunca perdi a fé em Cristo. E Ele me deu o tempero certo para as linguiças que produzo”, ressaltou o microempresário, que é evangélico.

Ele começou a vender churrasquinho com investimento de R$ 30, mas o “tempero divino”, conforme disse o empreendedor, logo caiu no gosto do povo e o negócio foi melhorando a cada dia. Jô então mudou de endereço e foi vender na frente do Estádio Canarinho, no bairro de mesmo nome, na zona Leste. E lá ele prosperou. Com sua barraca de espetinho de carne, viu os negócios melhorarem e percebeu que poderia ampliar ainda mais, investindo numa produção própria de linguiça caseira.

“Vendi uma média de dois mil espetinhos por dia. Paguei toda minha dívida, que chegava a R$ 360 mil, com dinheiro do espetinho. Jesus me proporcionou tudo isso e hoje, além dos espetinhos de carne, também produzo linguiça caseira, a melhor da cidade”, disse o autônomo, sorridente.

Fábrica exporta linguiça e espetinho para Manaus

As coisas foram melhorando e, em 2009, o empreendedor Josineudo Sampaio inaugurou a fábrica de linguiça e de espetinho de carne. Ele garante que o tempero do produto é a razão do sucesso. Jô vende por dia mais de três mil linguiças e centenas de espetos de carne. A unidade sai a R$ 1,50. A fábrica utiliza 800 quilos de carne diariamente.

A linguiça e o espetinho são vendidos para todo o Estado e até exportado para Manaus (AM). “É importante ressaltar que meu produto tem o certificado de qualidade emitido pelos órgãos competentes e também tem a autorização da Aderr [Agência de Desenvolvimento de Roraima]”, observou.

Jô compra a carne no Matadouro e Frigorífico de Roraima (Mafirr), na zona rural de Boa Vista, e no matadouro do Cantá, município a 35 quilômetros da Capital pela BR-401, região Centro-Leste de Roraima. O processo na fábrica é todo acompanhado por nutricionistas e outros profissionais.

Todos os funcionários trabalham uniformizados e com equipamentos de segurança e de higiene. As salas são climatizadas e todo processo ocorre dentro das normas, garante o empreendedor.

O processo de fabricação da linguiça e dos espetinhos tem várias etapas. Jô disse que o boi já destrinchado é pendurado no açougue, onde os funcionários fazem o corte e seleção da carne. Depois, a carne vai para o setor de fabricação de espeto e para o setor de moer, onde vira linguiça. Aí, a linguiça e o espeto, temperados e prontos, vão para a máquina de embalagem a vácuo. Ao final, o produto é colocado no freezer para a venda.

Seguindo o caminho de empreendedores que buscam ampliar os negócios, Jô disse que não pensa em parar tão cedo. “Espero expandir ainda mais o Churrasquinho do Jô e conquistar novos mercados”, frisou. (AJ)