Cultura

Fobia Social atinge 10% da população, diz especialista

A Fobia Social ou ansiedade social é o mais comum dos transtornos de ansiedade, atinge cerca de 10% da população, ou seja, 20 milhões de brasileiros. De acordo com o psiquiatra Alberto Iglesias, normalmente os primeiros sinais da Fobia Social ocorrem durante a infância.

“A criança pode sofrer de uma ansiedade de separação, uma preocupação exagerada em se afastar dos pais ou de que algo ruim aconteça com eles. Situações em que a criança fala somente na presença dos pais ou parentes próximos, recusa-se a ir para a escola ou manifesta sofrimento excessivo na véspera de provas ou competições esportivas”.

 O especialista afirma que a fronteira entre a timidez excessiva e o transtorno de Fobia Social é difícil de demarcar. Segundo ele, é necessário tratamento quando o receio de ser observado e avaliado pelos outros começa a causar sofrimento ou prejuízos em algum campo da vida.

“No âmbito profissional, como a perda do emprego por evitar o ambiente de trabalho, seja pessoal, como a dificuldade em travar relacionamentos. O fóbico social costuma ser monossilábico, econômico nas palavras.

Isso é geralmente interpretado pelas outras pessoas como desinteresse. A pessoa com o transtorno tende, assim, a se isolar. Evita situações cotidianas nas quais pode se sentir constrangida, como comer ou escrever na frente dos outros, além disso, a ansiedade social está particularmente relacionada ao abuso de álcool e outras drogas que facilitam a interação social”.

Iglesias ressalta que a crise de ansiedade é de tal forma intensa que parece uma crise de pânico. “Por causa de todo o desconforto envolvido nessa situação, a pessoa passa a apresentar um comportamento de evitação para estas situações”.

A aceitação do diagnóstico pelo paciente com Fobia Social não é fácil, normalmente é difícil acreditar que sofra de um transtorno psiquiátrico. Somente a difusão popular do quadro típico da Fobia Social na sociedade é capaz de levar os pacientes com Fobia Social ao psiquiatra, o que de fato vem acontecendo cada vez mais.

“Passamos a considerar esta vergonha ou timidez como patológicas a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal por causa dela, como deixar de concluir um curso ou uma faculdade por causa de um exame final que exige uma apresentação pública ou diante de um avaliador”.

Sintomas

Os sintomas mais comuns dentre os pacientes com Fobia Social são: tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarreia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes.

A preocupação por antecipação com as situações onde estará sob apreciação alheia, desperta a ansiedade antecipatória, fazendo com que o paciente fique vários dias antes de uma apresentação sofrendo ao imaginar-se na situação.

O tratamento da fobia social é feito com medicamentos e terapia cognitivo comportamental, que compreende estratégias como terapia de exposição e treino de habilidades sociais.

“O tratamento medicamentoso com os benzodiazepínicos ou os psicoterápicos inibidores da recaptação da serotonina está bem claro e definido. Essas medicações permitem uma recuperação entre oitenta por cento dos pacientes”, relata o especialista.

A terapia cognitivo comportamental simula em consultório situações que geram ansiedade – como incentivar o paciente a preencher um cheque na presença de outras pessoas e principalmente iniciar e manter conversas. A ideia é que a exposição repetida e prolongada diminua gradualmente a sensibilidade ao estímulo.

Alberto Iglesias é médico psiquiatra e membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria.