Cotidiano

Exportação de frutas de Boa Vista depende apenas de decisão política

Governo do Estado tem trabalhado nas fronteiras para que doença não seja repassada para restante do País

A ‘mosca da carambola’, doença originária de países da Ásia, atinge produtos de origem frutífera, como a manga, acerola, jaca, caju, goiaba, tomate e a própria carambola, desde 2009 em Roraima, no município de Normandia. De lá para cá, a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) garante que tem fortalecido as ações de controle da doença e que, atualmente, a liberação para exportação de frutas de Boa Vista aguarda somente uma decisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Conforme informações repassadas pelo gerente de Defesa Vegetal da Aderr, Carlos Terrosi, no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, no domingo, 29, os técnicos da Agência têm promovido o monitoramento do material frutífero em diversos locais, há cerca de um ano e meio e não identificaram sinais da doença.

“A partir do momento que a mosca foi encontrada em Roraima, o Ministério da Agricultura interditou todo o Estado para exportação dos frutos que podem conter o hospedeiro da doença. Para reverter esse impedimento, a Aderr está fazendo monitoramento nessas áreas específicas de produção. No caso da produção de manga e goiaba, que estão em torno de Boa Vista, até o momento não encontramos nenhum sinal da mosca da carambola na Capital”, afirmou.

O momento agora, segundo o gerente, é de aguardar a publicação de uma instrução normativa do Ministério da Agricultura, que trará critérios para que as áreas que não têm sinal de proliferação da doença sejam liberadas para exportação.

O gerente reforçou, no entanto, que a partir da publicação da decisão do Ministério, os produtos não poderão ser exportados de imediato. “Não é que seja liberado automaticamente. A instrução trará critérios técnicos para que, se cumpridos, poderemos liberar esses produtos para outros estados com a certificação fito sanitária de origem”, afirmou. O gerente acrescentou ainda que a instrução já está no setor da Procuradoria Jurídica para análise e após isso será colocada em consulta pública para posteriormente ser publicada.

PRIORIDADE – Terrosi garantiu que, desde o início do mandato da governadora Suely Campos, o Governo do Estado tem intensificado o trabalho no combate à mosca da carambola, em especial nas fronteiras, no combate do trânsito dos hospedeiros e da produção em Boa Vista. “Nós temos dedicado 37 servidores somente para trabalhar nas barreiras do Bonfim, Jundiá, Três Corações e Passarão. Além disso, temos os gastos com combustível, diárias, adicional noturno e demais, que resultam em um investimento de mais de R$ 2 milhões por ano”, afirmou.

“O Governo de Roraima fica investindo esse recurso, de cerca de R$ 2 milhões, para evitar que a doença saia daqui e atinja demais estados do País. Se a gente pensar no resto do País, como em Petrolina, que é conhecida pela produção de frutas, se a mosca chegar lá, no primeiro ano ela pode causar um prejuízo de quase 40 milhões de dólares. No segundo ano, pode chegar a 100 milhões de dólares. A gente se preocupa com a realidade de Roraima, mas ao mesmo tempo, temos que nos preocupar com o restante do país”, acrescentou o gerente.

Segundo ele, a Aderr também conta com o apoio do Governo Federal, por meio da Superintendência Federal de Agricultura em Roraima (SFA-RR), que tem feito o monitoramento e combate nas áreas de foco, mas a expectativa é que o Governo Federal também faça um trabalho com os países fronteiriços, como a Guiana, Guiana Francesa e Suriname, além do Brasil, para erradicar a doença. “É preciso que seja feito um trabalho regional entre esses quatro países para que se possa erradicar a doença e evitar que ela retorne ao País”, declarou. (P.C)