Política

Câmara volta aos trabalhos sem grupos de oposição à Prefeitura

Apesar de os vereadores terem se dividido em G10 e G11, os dois grupos pretendem atuar como apoio aos trabalhos da prefeita Teresa Surita

O ano legislativo começa hoje, 2, na Câmara dos Vereadores de Boa Vista com dois blocos definidos, mas sem nenhuma oposição a prefeita Teresa Surita. Dois grupos foram formados, o G10 e o G11, o primeiro comandado pelo vereador Zélio Mota (PSD) e o segundo pelo vereador Idázio da Perfil (PP), que, apesar de ser do mesmo partido da governadora Suely Campos, opositor ao grupo político da prefeita, disse que a intenção é que todos trabalhem em conjunto.

O G11 é composto pelos vereadores Mauricélio Fernandes (PMDB), Idázio da Perfil (PP), Wagner Feitosa (SD), Rondinele Tambasa (PTN), Vavá do Thianguá (PSD), Ítalo Otávio (PR), Genilson Costa (SD), Albuquerque (PC do B), Romulo Amorim (PTC), Genival da Enfermagem (PTC) e Júlio Cesar (PSC).

“Não existe grupo de oposição. Formamos equipes diferentes na época da disputa pela presidência da Casa, pois a prefeita apoiava um candidato e nós, que éramos maioria, queríamos outro. Então houve essa divisão, mas agora vamos todos trabalhar em conjunto e parceria, com olhos voltados para o interesse de quem nos elegeu”, disse Idázio da Perfil (PP), em entrevista à Folha.

Idázio explicou que esta legislatura terá uma Câmara jovem, que foi eleita com pessoas dinâmicas, de personalidade forte e perfil bom. “Essa Câmara vai fazer um bom trabalho buscando aproximação com a população. Vamos mudar a imagem dos vereadores, de que somos o patinho feio da política. Estamos apoiando os projetos da prefeita, desde que sejam bons para a população. O que não for bom, vamos vetar ou refazer”, assegurou.

Mauricélio Fernandes (PMDB) disse que vai presidir o Legislativo municipal respeitando o Regimento Interno e atendendo a situação partidária de cada grupo. “A Câmara não tem bloco de oposição. Isso é positivo, pois queremos trabalhar um parlamento eficiente e sonho que tudo aconteça da melhor forma possível com celeridade”, afirmou.

No G10, presidido por Zélio Mota (PSD), estão o Pastor Jorge (PSC), Renato Queiroz (PSB), Manoel Neves (PRB), Mirian Reis (PHS), Aline Rezende (PRTB), Nilvan Santos (PSC), Drº Wesley (PC do B), Drª Magnólia (PPS) e Professor Linoberg (Rede).

O vereador Manoel Neves explicou que o G10 é um grupo de situação. “Faço parte do bloco de situação. São 10 vereadores e o Zélio Mota (líder da prefeita) é o líder do bloco. Eu sempre gostei de ajudar a Prefeitura, pois se ela tem 80% de aprovação é porque a sociedade aceita. Então vamos ajudar a ficar melhor ainda”, comentou.

Para enfrentar a crise, Câmara Municipal aprova cortes e reduções

O presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, vereador Mauricélio Fernandes (PMDB), já tinha feito um comunicado aos servidores que, para entrar na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a Casa iria reduzir as despesas com demissões e reajuste nos benefícios dos cargos comissionados. Ontem, 1º, em sessão extraordinária, os vereadores aprovaram por unanimidade dois projetos voltados para conter a crise.

Um deles reduziu salários dos cargos comissionados do Poder Legislativo municipal e o outro reduziu o valor do vale alimentação dos servidores efetivos de R$ 500,00 para R$ 304,00, uma redução de quase R$ 200.

“Foi retirado o auxílio alimentação para os efetivos, pois o edital do concurso de 2008 colocava o auxílio alimentação dos efetivos de R$ 304. Não mexemos em nada do efetivo. Nós enquadramos conforme o edital do concurso”, disse o atual presidente. “Não tiramos direitos adquiridos e não contratamos ninguém ainda esse ano para a Casa, pois precisamos nos adequar”, assegurou.

Os comissionados não recebem vale alimentação, mas tiveram seus salários reduzidos. Isso sem contar as demissões que já foram feitas. Os servidores lamentaram a medida, lembrando que no final do ano passado os vereadores aumentaram seus próprios salários em 60%.

“Só querem reduzir o nosso, mas o deles ninguém reduziu e ainda recorrem da decisão judicial. Não consideramos justo o que estão fazendo e deixam os funcionários insatisfeitos. Todo mundo precisa e esse valor vai fazer muita falta. Meu salário também foi reduzido”, disse uma das funcionárias que não quis se identificar.

Em relação aos comissionados, Mauricélio informou que o menor salário da Câmara era R$ 2.000 e foi feito um projeto de lei, pois vários cargos como serviços gerais não eram contemplados por conta do valor alto.

“Redistribuímos o número de cargos com valores dentro da realidade e assim pudemos oportunizar pessoas que trabalham em setores como o de limpeza e manutenção”, disse o presidente, acrescentando que a Câmara não tem condições financeiras de se manter como está se não houver adequações.

Quanto à verba de gabinete e verba indenizatória dos vereadores, Mauricélio informou que já haviam sido reduzidas no ano passado, portanto tiveram seus patamares mantidos. Segundo os vereadores, a crise econômica que afeta o país, sobretudo neste semestre, implicou na redução drástica dos repasses de recursos financeiros federais a estados e municípios, o que deve reduzir o montante recebido pela Câmara.

“As demissões foram uma medida adotada pela Mesa Diretora para conter os gastos com o pessoal e ficar abaixo do teto de gasto que é de 70%, conforme previsto em Lei. O excesso de gastos com comissionados na Câmara durante a gestão anterior é a razão dos cortes atuais”, afirmou Mauricélio.