O segmento produtivo da cachaça traz previsões positivas para o mercado consumidor porque o produto é cada vez mais valorizado pelo brasileiro. A bebida nacional já é comparada a destilados nobres, como uísque e vodka. E foi pensando neste mercado em expansão que o empresário Antônio Parima Vieira, um dos mais bem-sucedidos do Estado, decidiu apostar na fabricação da Cachaça 86.
A cachaça era produzida no Rio Grande do Sul, mas há cinco anos Parima deixou de apenas distribuí-la aqui e passou a fabricá-la. O gerente comercial da Parima Distribuidora, George Cravo, lembrou como o produto passou a ser tipicamente macuxi.
“A fábrica gaúcha fechou as portas. Então, o Parima, que apenas distribuía a cachaça aqui, decidiu comprar a marca. Depois ele alugou o maquinário e começou a produzir aqui. Deu certo e estamos até hoje no mercado”, frisou o gerente.
A fábrica da Cachaça 86 fica na BR-174, sentido Norte, na região do Monte Cristo, zona rural de Boa Vista. A produção surpreende: mais de mil caixas por dia, o que representa 10 mil litros de cachaça produzidos diariamente por 14 funcionários.
A 86 abastece o mercado local e compete no regional e nacional. Grande parte da produção roraimense vai para o Amazonas, Paraíba e Rio Grande do Norte. No mercado internacional, disputa a clientela na Guiana, país que faz fronteira com o Brasil, na região Leste de Roraima.
O gerente comercial disse que 80% das vendas no mercado regional pertencem à Cachaça 86. “Isso se deve aos investimentos. Quando a produção começou aqui, nosso desafio era melhorar a qualidade, e conseguimos. Hoje, a 86 é muito requisitada para drinques e caipirinha”, ressaltou.
Profissionais da empresa qualificados também trabalham com eventos de degustação da cachaça. O produto abastece a maioria dos bares, restaurantes, supermercados e outros pontos comerciais de Boa Vista. A fábrica passa por adaptações e voltará a produzir a todo vapor em junho. Mas o gerente comercial tranquilizou os consumidores, informando que a distribuidora tem um estoque de 80 mil caixas, o suficiente para suprir a demanda.
“A matéria-prima da nossa cachaça, a cana de açúcar, é a mesma utilizada pelas cachaçarias 51 e Pitu. A cana é usinada em Pernambuco e aqui produzimos a Cachaça 86. Nosso objetivo é acabar com aquele paradigma de que a nossa cachaça era muito forte, pesada. Como disse, estamos cada vez mais melhorando a qualidade de nosso produto para assim conquistar novos mercados”, frisou o gerente comercial. (AJ)
Parima é a maior distribuidora de Roraima
Há algumas lições que podemos tirar de empresários que começaram do zero, mas hoje prosperam. É o caso de Antônio Parima Vieira. Nordestino da Paraíba, ele e um irmão chegaram a Roraima em 1987, trazendo na mala um sonho: prosperar. E conseguiram. Hoje, a Parima Distribuidora domina o mercado roraimense e coloca seus produtos para todo Norte, Nordeste e a Guiana.
Irmão mais novo, Antônio Vieira foi o primeiro a pisar na terra macuxi. O pouco dinheiro que tinha foi suficiente para ele então ir a Serra Parima, no planalto das Guianas, na fronteira Norte do Brasil com a Venezuela, em busca de ouro. O irmão, Francisco de Assis da Silva, mais conhecido como “Nenenzão”, chegou em seguida e começou a trabalhar como caminhoneiro.
Da Serra do Parima, Antônio Vieira trouxe apenas o novo nome, Parima. Ele e o irmão então decidiram que deveriam mudar de ramo para que pudessem prosperar profissionalmente. E assim fizeram no dia 1º de abril de 1997, data de fundação da empresa Assis e Borges Ltda., a Parima Distribuidora.
A empresa foi uma das pioneiras em Roraima na distribuição de marcas e produtos de qualidade, como faz até hoje. Mas a entrada no mercado foi tímida, pois a Parima começou distribuindo apenas quatro produtos: refresco Camp, Caninha 86, fraldas Pom Pom e o papel higiênico Sovel. Entretanto, os clientes mantiveram a confiança no empresário e outros fornecedores decidiram trabalhar em parceria com a Parima.
Hoje, a distribuidora tem doze fornecedores e mais de 400 itens na linha de alimentos, bebidas e produtos de higiene, todos nacionalmente reconhecidos. Como os negócios estavam indo bem, e continuam indo bem, Parima investiu na infraestrutura da empresa e, em janeiro de 2009, inaugurou a nova sede com modernas instalações. E hoje é a maior distribuidora de Roraima. (AJ)
Cachaça movimenta R$ 7 bi por ano no Brasil
No Brasil, estima-se que 40 mil empresários, grandes e micros, produzem cachaça, gerando em torno de 600 mil empregos diretos e indiretos. Da estimativa de 40 mil produtores brasileiros, calcula-se que 98% destes são pequenos e microempresários. Além disso, 70% da produção estão relacionados à cachaça industrial, enquanto o restante refere-se à cachaça de alambique.
Nacionalmente, o maior produtor de cachaça industrial é São Paulo, enquanto o maior produtor de cachaça de alambique é Minas Gerais. Outros estados que se destacam na produção nacional de cachaça são: Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Paraíba. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) registram 4.124 marcas de cachaça em circulação no Brasil, com destaque para os estados de Minas Gerais, com 1.587 marcas.
O Centro Brasileiro de Referência da Cachaça informou que o consumo nacional de cachaça por habitante, no ano passado, girou em torno de 13,5 litros por ano, ao se considerar a população com idade entre 18 e 59 anos. Esse consumo ainda é inferior frente a outras bebidas, dentre as quais a cerveja (em torno de 117 litros anuais por habitante, ao se considerar a população entre 18 e 59 anos).
No mesmo ano, a produção brasileira de cachaça foi estimada em 1,4 bilhões de litros, nível 15% superior ao registrado no ano anterior. Nesse contexto, a cadeia produtiva movimentou R$ 7 bilhões em fornecimento de insumos, produção e comercialização. (AJ)