O Governo do Estado gastou, nos últimos dois anos, mais de R$ 5 milhões com aluguéis de imóveis e locação de veículos, enquanto os prédios públicos ameaçam desabar e a sua frota, consumida pelo tempo, vira sucata nas garagens das secretarias. O descaso com o patrimônio público ocorre tanto na Capital, quanto no interior do Estado.
A antiga sede da Secretaria Estadual de Gestão Administrativa (Segad), por exemplo, na Rua Major Manoel Correia, no bairro São Francisco, zona Norte, está abandonada há mais de quatro anos. No local, hoje, apenas arquivos, fichários, preservativos usados e papelotes de droga vazios espalhados pelo chão. A vizinhança reclama do abandono e pede providências.
“É um absurdo. Por que o governo não recupera os seus prédios, em vez de pagar aluguéis caríssimos, reformando imóveis dos outros?”, questionou a aposentada Ana Maria de Assunção, de 68 anos, moradora próxima à abandonada sede da Segad.
A aposentada tem razão. Com o prédio na iminência de desabar, os servidores da Segad há três anos mudaram para o Palácio Latife Salomão, no Centro, mas foram despejados no ano passado, por falta de pagamento, e mudaram para um prédio anexo a uma faculdade, no bairro Caçari, zona Leste. O aluguel do imóvel também custou alguns milhões para os cofres públicos.
Uma fonte na Segad informou que o Governo pagou, apenas nos últimos dois, mais de R$ 2 milhões para o dono do prédio. O valor oficial não foi informado pela Segad, mas o dinheiro poderia ser investido na reforma da sede. A assessoria de comunicação afirmou, em nota, que as informações estão disponíveis no Portal da Transparência e no Diário Oficial do Estado.
Com a Educação também ocorre o mesmo descaso. O antigo prédio da Seed, atrás do Palácio do Governo, no Centro, também foi abandonado há mais de dois anos. Comerciantes próximos reclamam que bandidos e usuários de droga se escondem no local. No mês passado, ladrões furtaram parte da fiação elétrica.
Servidores da Educação também passaram a andar de um lugar para o outro. Do Centro, com a sede caindo aos pedaços, eles receberam acomodações mais dignas. Começaram então a despachar na recepção de um hotel, na Avenida Ene Garcez. Mas o conforto também teve um custo elevado aos cofres públicos.
De janeiro a dezembro de 2013, o Governo pagou R$ 478 mil pela locação do prédio Norte Shopping Hotel. Em 2014, o aluguel custou R$ 123 mil, que já foram pagos, segundo a Seed. Contudo, falta pagar mais R$ 39 mil.
Ainda este ano, os servidores da Seed novamente mudaram de endereço. Agora, estão no antigo prédio do Centro Estadual de Informática (Ceia), no Centro. A estrutura física, segundo eles, não é das melhores. Há vazamentos e infiltrações. O mato também toma conta da garagem e dos fundos do prédio.
A mudança devido às condições dos prédios públicos não ocorreu apenas aos servidores do Estado. Centenas de alunos também mudaram de endereço. Foi o caso de quem estudava na tradicional escola Diomedes Souto Maior, no Centro. O dinheiro federal chegou, as obras começaram, mas não terminaram. Então, os alunos foram distribuídos a outras unidades de ensino. E hoje, segundo a vizinhança, a escola Diomedes serve como ‘boca de fumo’ e motel improvisado.
O prédio ora ocupado pela Divisão de Material e Patrimônio da SEED, na Avenida Glaycon de Paiva, também onerou os cofres públicos do Estado. De janeiro a agosto deste ano, o governo já pagou R$ 79 mil. De setembro a dezembro serão pagos mais R$ 37,2 mil.
Outro prédio também foi alugado pelo governo para acomodar os servidores do Departamento de Desenvolvimento de Políticas Educacionais e a Comissão Setorial de Licitação da Seed. Localizado perto da Praça da Bandeira, no Centro, o imóvel custa R$ 24 mil por mês. O aluguel vai até dezembro deste ano.
No interior do Estado, o governo alugou um imóvel onde funciona atualmente a Delegacia de Iracema, município a 90 quilômetros da Capital pela BR-174, Centro Sul. O delegado geral, Luciano Silvestre, informou que o aluguel mensal é de R$ 1 mil. Ele explicou que a Delegacia de Iracema tem sede própria, mas devido às condições não adequadas da estrutura física, a alternativa encontrada foi alugar um imóvel, que oferece melhores condições aos servidores e ao cidadão. (AJ)
Política
Governo do Estado paga mais de R$ 5 milhões por ano
Em vez de reformar secretarias, escolas e delegacias, Executivo estadual prefere pagar aluguéis milionários