Polícia

Aumenta número de denúncias de abuso sexual contra crianças

O Disque 100 registrou aumento de 2000% nas queixas de abuso sexual contra crianças e adolescentes

Desde a sua fundação em 2004 até o início de 2017, o serviço de denúncias Disque 100 registrou aumento de 2000% nas queixas de abuso sexual contra crianças e adolescentes em Roraima. Em números absolutos, passou de 100 para 1000 protocolos no período. Os registros foram feitos tantos pelos próprios menores quanto pelos seus familiares.

O coordenador do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Abuso, Exploração Sexual e Tráfico de Crianças e Adolescentes de Roraima, Flávio Corsini, considera o índice muito alto para o tamanho da população do Estado.

“A maioria das vítimas é menina, o que mostra que a questão de discriminação por gênero é reproduzida e perpetuada desde a infância da mulher. Campanhas de respeito à mulher e enfrentamento da violência de gênero devem ser direcionadas também às meninas”, frisou.

Além do Disque 100, há uma rede de entidades governamentais e não governamentais que atuam no Comitê Estadual. Desde 2006, quando foi criado, o grupo também realiza atividades em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) para fortalecer o diálogo entre professores e alunos. Também são feitas campanhas educativas próximo à semana do dia 18 de maio, quando é comemorado o Dia internacional do Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual da Criança e Adolescente.

“A prevenção é o melhor caminho. É fundamental que a sociedade entenda como funcionam os esquemas de aliciamento de menores e saiba como proceder em uma situação dessas. Assim, é quebrado o ‘pacto de silêncio’, o convencimento de que se os menores revelarem o abuso, os pais brigarão com eles ou ficarão chateados; até mesmo de que eles é que são os culpados pelo que aconteceu. Mas eles são os mais frágeis, então, levando a informação até eles, poderão se proteger”, afirmou. (NW)

Aplicativos servem como proteção da ação de pedófilos na internet

A internet, ao mesmo tempo em que traz benefícios e se tornou parte do meio social, pode ser prejudicial para quem tem pouca idade. É possível utilizar aplicativos que bloqueiam determinadas páginas e palavras-chave, como o K9 Web Protection e o Kurupira. Em alguns deles, toda a navegação é interrompida durante um período programado, ou é proibido o acesso a qualquer link que tenha uma palavra específica escolhida pelo usuário, ou mesmo categorias inteiras são proibidas. Somente quem possui senha consegue o acesso.

O coordenador do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Abuso, Exploração Sexual e Tráfico de Crianças e Adolescentes de Roraima, Flávio Corsini, recomenda que os pais monitorem as conversas dos filhos e o histórico de navegação na internet. Desconhecidos costumam se passar por pessoas de menor idade, mas alguns já fingiram ser profissionais que trabalham para algum artista de público infanto-juvenil, oferecendo prêmios.

O conteúdo das conversas pode envolver perguntas muito pessoais, como o endereço do menor e o que ele está vestindo. “Os pedófilos têm uma abordagem muito sutil, que depois evolui para a sexualidade”, disse. É difícil definir um perfil do aliciador, porém sabe-se que a maioria dos casos de violência sexual ocorre na área periférica da cidade. Mas o motivo é por ser a zona mais populosa.

“Até porque sabemos que os casos que ocorrem dentro de famílias abastadas ou são velados ou são tratados de forma diferente, devido ao medo da exposição. Então, nem todos os casos são revelados. Mas não existe fronteira para esse tipo de crime”, afirmou.