Cotidiano

Nenhum caso de raiva humana foi registrado desde o ano passado

Em maio de 2016, um adolescente foi diagnosticado com raiva humana e morreu dias depois de ser infectado por um animal doméstico

A Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses, localizada na Avenida Centenário, no bairro Centenário, zona Oeste da Capital, promoveu no sábado, 11, mais uma ação de imunização de cães e gatos contra a raiva e instalação de microchips para rastreamento de animais perdidos.

A ação da Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV), em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e outras organizações de defesa dos animais, foi realizada das 08h às 16h e imunizou 623 animais, entre cães e gatos. Até o momento, em 2017, cerca de 1,1 mil animais foram vacinados.

A ação teve também a finalidade de evitar a transmissão da doença tanto nos animais como em humanos, em especial, por conta do caso de raiva humana registrado em maio do ano passado, que culminou na morte de um adolescente. Segundo a Prefeitura de Boa Vista, desde então, não houve outro caso da doença no município.

De acordo com a diretora da Unidade de Vigilância, Maria da Conceição dos Santos, a ação funcionou como uma prévia para o lançamento oficial da campanha de vacinação municipal. “Esse evento é o pontapé inicial que a Secretaria Municipal de Saúde deu no controle e combate da raiva no município de Boa Vista, é um aquecimento para o lançamento da nossa grande campanha a partir desta semana”, informou.

Segundo Conceição, o planejamento é que o município divulgue nos próximos dias o cronograma com as datas e bairros onde serão realizadas as demais vacinações. A campanha será realizada em duas etapas, disse a diretora, como uma forma de facilitar e ampliar a cobertura da ação. “A gente divide o município em dois hemisférios para ficar mais fácil para a gente atender os animais”, revelou.

A Prefeitura de Boa Vista informou, para quem não pôde participar da ação no final de semana, que a Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses é um posto fixo de vacinação antirrábica, estando aberta de segunda a sexta-feira, das 08h às 12h e das 14h às 18h. A vacinação está disponível para cães e gatos, a partir dos três meses de idade sem restrição, a não ser que o animal esteja doente.

“É importante a população fazer essa vacinação nos seus animais porque é uma das formas de controlar o vírus na cidade. A raiva é uma zoonose que tem alta letalidade e a gente precisa combater esse vírus vacinando todos os animais, pois ela acomete todos os mamíferos, inclusive o homem”, salientou a diretora da Unidade, Maria da Conceição.

Para Fernanda Feitosa, dona do rotweiller Cookie, de três meses, a iniciativa de vacinar o cão ocorreu por conta da preocupação com os seus familiares e com a saúde do cachorro. “Tenho crianças em casa, então acho que é importante vacinar. Isso foi o que me preocupou mais em trazer, mas estava esperando dar a idade certa para vacinar”, informou.

Valbert Souza veio acompanhado da filha para vacinar as cachorras Kelly e Mel e tirar algumas dúvidas sobre a vacinação. Para ele, o medo de contágio foi o que o motivou a participar da ação. “Sempre vejo a questão do alerta, que pode morder alguém e se tiver com raiva pode causar doença, que não tem cura, então, quando passei aqui na frente e vi que estava tendo vacinação, fui em casa buscar os animais”, disse.(P.C)

Campanha instala microchip em animais domésticos

Outro serviço disponível durante o evento foi a instalação de microchip nos animais domésticos. Conforme Adilson Braga, membro da Rede de Apoio e Defesa dos Animais de Roraima (RADARR), a organização ficou responsável pela logística da implantação dos chips por conta de uma parceria. “A Vigilância Sanitária tem esse projeto desde 2005 e precisavam de um parceiro para fazer com que isso acontecesse. Então, eles confiaram à gestão para que a gente fizesse. A gente faz toda a parte administrativa, a logística, a divulgação e todo o operacional”, explicou.

Para que o cão ou gato tenha o microchip, é necessário que o dono do animal faça um registro revelando informações pessoais e telefone para contato, que posteriormente serão inseridas em um sistema digital e disponibilizadas em um site para fácil acesso. Depois disso, o animal passará pelo procedimento que lembra uma injeção, pois o chip é menor que um grão de arroz.

Para facilitar a identificação, cada chip contém uma numeração que será anexada junto ao registro do dono. As unidades de controle, instituições e médicos veterinários terão um scanner responsável pela leitura do chip e dos números, para entrar em contato com o responsável. “Hoje nós temos poucos scanners na cidade, mas temos um na Unidade de Zoonose, um na Universidade Federal de Roraima (UFRR), e em algumas clínicas veterinárias”, afirmou.

A medida vai facilitar a localização do animal que estiver perdido, acredita Adilson. “Se você perder o animal, ele vai ser encontrado em algum momento. Se ele foi encontrado por um ente público como o Centro de Zoonose, por exemplo, rapidamente eles vão identificar o animal porque a unidade tem um scanner. Sendo assim, vão acionar o site, com o código, vão ter todos os dados do proprietário e vão entrar em contato com ele, que vem buscar o animal. Se você não tiver o scanner, é só entrar em contato com algumas dessas entidades que têm o aparelho”, explicou. (P.C)

Microchipagem pode evitar golpes e venda de animais furtados

Uma das facilidades trazidas pela instalação do chip é a garantia de provar que o animal encontrado é do proprietário registrado. Isso pode auxiliar nos casos de golpes, como quando os animais perdidos são vendidos por terceiros ou até quando cães e gatos são furtados ou roubados com o intuito de comercializá-los.

“Se o proprietário encontra alguém de má-fé tentando vender o seu animal que está perdido, o proprietário pode registrar um Boletim de Ocorrência e provar que aquele animal pertence a ele com o registro do site. Assim, quem estiver vendendo o animal que não é seu pode até responder criminalmente”, revelou Adilson.

O membro da RADARR adiantou ainda que a instalação do chip na rede privada custa de R$ 150 a R$ 500 e a organização está realizando a ação por R$ 35. “A gente não quer competir com o mercado, a gente quer só dar o pontapé inicial para iniciar uma cultura. Nós queremos lembrar que cuidar dos animais não é responsabilidade só das organizações de defesa dos animais ou só dos entes públicos. Os proprietários têm que contribuir de alguma formal, zelando pelos seus animais”, afirmou Adilson. (P.C)