Cotidiano

Ambulantes que foram retirados da feira trabalham em condições precárias

Dois anos após serem retirados pela administração da Feira do Produtor, localizada no bairro São Vicente, zona Sul, dezenas de ambulantes que não possuem cadastro para atuar nas dependências do local comercializam produtos importados em condições precárias, expostos ao sol e à poeira na área externa.

O ambulante Francisco Pereira Neto disse que, após ter sido retirado da feira, não consegue mais sustentar a família. “Trabalhava do lado de dentro há mais de seis anos. Éramos 14 vendedores ambulantes e botaram todo mundo para correr. O dinheiro que tiro trabalhando aqui do lado de fora só dá para comer”, disse.

Apesar de reconhecer que vende produtos exportados de forma ilegal, ele afirmou que jamais teve a oportunidade de se cadastrar como feirante no local. “O que eu vendo aqui são produtos alimentícios vindos da Venezuela. Nunca vi feira que não pudesse vender essas coisas”, reclamou.

Outro ambulante, Miguel da Silva, que vende produtos de limpeza e higiene, lamentou ter que trabalhar em condições precárias. “Produtos importados têm em todo lugar. Tem dois anos que eu vim para cá e sei que, mais dia ou menos dia, teremos que sair. O que eu ganho aqui é só uma forma de complementar minha renda”, afirmou.

GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) informou que, com a reestruturação da Feira do Produtor, os ambulantes que atuavam no estacionamento da área interna foram retirados do local, pois não possuíam cadastro junto à administração e acabaram por ocupar a área lateral externa.

Além disso, comercializavam produtos importados da Venezuela e Guiana tendo, por diversas vezes, suas mercadorias apreendidas pela Receita Federal com auxílio da Polícia Rodoviária Federal.

A Seapa ressaltou que a administração da Feira do Produtor tem responsabilidade apenas com os autônomos cadastrados. Os devidamente registrados contam com cursos de capacitação sobre higiene e manipulação de alimentos, limpeza periódica de todos os espaços, incluindo os banheiros, e coleta de resíduos que é feita diariamente, garantindo um ambiente limpo e de qualidade tanto para os feirantes quanto para os frequentadores.

“Também segue em andamento a reforma setorial e a primeira etapa, o galpão das bananas, será entregue ainda no mês de março. Os produtores que ocupavam este espaço estão temporariamente utilizando barracas disponibilizadas pela Seapa, para que não sejam prejudicados na comercialização dos seus produtos”, frisou. (L.G.C)