Alex Atala é hoje um dos nomes mais falados no mundo da gastronomia. Ao longo de quase vinte anos de carreira, o chef se tornou o mais prestigiado do país. Ele esteve em Boa Vista, junto a lideranças Yanomami, como o grande Davi Kopenawa, integrantes do Instituto Socioambiental e Fundação Hutukara.
Responsável pelo jantar, o chef roraimense Beto Belini disse que foi pego de surpresa. Acompanhado de Jamim Moura e Jorge Cardoso, ambos chefs locais, ele teve que apresentar um pouco da culinária regional.
“Fui contatado para fazer para essas pessoas um jantar de apresentação dos cogumelos Yanomami, o Sanoma. A ideia do cardápio era mostrar, principalmente para os indígenas, os resultados das experiências que tenho feito com os cogumelos ao longo dos últimos meses. Eu acredito que ganhar na loteria é muito mais fácil do que um chef renomado do nível do Alex Atala ir jantar no quintal da sua casa comendo a comida que você fez”, relatou.
Segundo ele, Belinni não tinha a menor ideia que o chef Alex Atala também estaria presente. “Só descobri isso na hora que ele entrou pela porta da minha cozinha”, ressaltou.
Para o cardápio, a ideia foi colocar os cogumelos em evidência e mostrar várias formas de utilizá-los. “Os pratos foram todos autorais e eu contei com a ajuda e a parceria dos meus amigos Jamim Moura e Jorge Cardoso, ambos chefs locais talentosíssimos. Eles me ajudaram a aprimorar as ideias dos pratos e suas apresentações foram fundamentais para que a noite fosse um sucesso”, completa.
O chef serviu Canapés de beiju com purê de banana da terra, carne de sol desfiada e geleia de pimenta de cheiro. Releitura da damorida: Caldo de cogumelos Yanomami com mojica de tambaqui e pimenta jiquitaia. Filé de pirarucu defumado, com crosta de farofa e cogumelos em pó, vinagrete de frutas amazônicas, cremes de pupunha, cará-roxo e tucupi e espuma de cogumelos. Sobremesa Ouro da Floresta. Bolo aerado de banana, castanhas e tucupi preto, cream cheese com cumaru e zestes de limão, caramelo de cogumelos Yanomami e bananas caramelizadas no Tucupi Preto.
“Ele adorou a abordagem. Cozinha de raiz, indígena, regional com uma apresentação contemporânea, além de uma utilização de ingredientes que temos em abundância em nossas feiras. Ele ficou encantado”, finalizou.
“É um momento surreal, mas não tem como vibrar muito, quando você esta preparando o prato é necessária muita concentração. A reunião é pra falar sobre essa culinária tão valorizada, e tivemos esse privilégio de expor algo tão da terra, estamos extasiados. Parece que nem aconteceu, fazer o jantar para Alex Atala e para o Xamã Davi foi um presente”, contou Jamim Moura.
Alex Atala
O chef foi eleito cinco vezes chef no ano. À frente do D.O.M. e do Dalva e Dito, o cozinheiro paulistano é o mais prestigiado do país. No concurso promovido pela revista inglesa Restaurant e divulgado em abril, Alex Atala teve o seu restaurante, o D.O.M., escolhido como o quarto melhor do mundo pelo júri composto de especialistas de todas as partes do planeta. A ascensão da casa de cardápio contemporâneo e o prestígio do proprietário são notáveis.