Política

Polícia Civil faz operação em Iracema em busca de documentos

Ações da operação foram coordenadas pela Delegacia Geral depois de denúncia de sumiço de documentos feita pelo novo prefeito

A Polícia Civil cumpriu uma série de mandados de busca e apreensão e fez diligências em algumas repartições públicas e residências em três municípios do Estado, dentro da operação denominada “Jatevu”, que significa carrapato na língua Tupi-Guarani. A ação é a segunda fase da operação que visa combater fraudes e corrupção no âmbito do serviço público no Município de Iracema, Centro-Sul do Estado.

Foram 14 mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz Cláudio Roberto Barbosa de Araújo, da Comarca de Mucajaí, cumpridos pelas equipes, sendo nove em Iracema, quatro em Boa Vista e um no Cantá. A investigação é por conta do desaparecimento de equipamentos e materiais da Prefeitura de Iracema, além de processos de obras, que já vinham sendo denunciados ao Judiciário pelo prefeito eleito, que encontrou a prefeitura sem nada ao assumir.

O prefeito Francisco Araújo comentou sobre a operação em sua rede social. “Iracema hoje amanheceu com um monte de viaturas nas ruas cumprindo mandados de busca e apreensão. Tomara que encontrem os processos da prefeitura para que possamos fazer as coisas andarem!”, comentou.

Coordenada pela Delegacia-Geral da Polícia Civil de Roraima (PCRR), a operação mobilizou 11 delegados, 36 agentes e 11 escrivães em 15 viaturas.

Polícia diz que encontrou indícios de irregularidades no material recuperado

Em entrevista coletiva na sede da Polícia Civil, os delegados responsáveis pela operação informaram que foram recuperados, além de documentos e processos, equipamentos eletrônicos, motocicletas e uma ambulância, além de ter sido feito um flagrante por porte de arma ilegal.

De acordo com a delegada-geral da Polícia Civil, Ednéia Chagas, foram constados indícios de doações irregulares feitas pela Prefeitura de Iracema a familiares do ex-prefeito e duas empresas que prestaram serviço para aquela cidade. “A operação resultou na descoberta de um forte esquema de doações irregulares naquele município e tudo que foi coletado hoje como prova vai subsidiar a continuidade dessa investigação. Foram localizados documentos e cópias, que servirão como indícios que serão trabalhados de modo a serem constituídos como provas para o processo penal”, disse.

Segundo ela, a subtração desses documentos constitui-se crime. “A subtração de documentos e processos é uma tentativa de esconder um crime maior, corrupção, fraudes nas licitações, entre outros. A partir da recuperação desses documentos e demais materiais, será possível avaliar o prejuízo que o município sofreu”, complementou.

Em um dos documentos apreendidos, há informações de doação de cinco terrenos destinados a um empresário. “Precisamos verificar a procedência dessas doações. Esses documentos deveriam estar na prefeitura e não em residências, o que é errado. Vários documentos em lugares diversos mostram indícios de que alguns bens foram desviados”, explicou o delegado Alexsander Lopes.

Prefeito fez queixa-crime contra sumiço de processos

Em entrevista à Folha, o prefeito de Iracema, Francisco Araújo, disse que encontrou a prefeitura sem nenhum documento referente a processos anteriores. “Registramos ocorrência na delegacia e fizemos uma notícia-crime pedindo providências para apurar a situação. Temos convênios em atraso por não termos nenhum documento que comprove a existência dos mesmos. Vamos pedir que a Justiça responsabilize o gestor anterior pelos atos dele”, disse.

Araújo afirmou que maquinários e equipamentos estão sendo recuperados aos poucos. “Não houve transição, apesar de termos pedido, e isso dificulta até identificar o real patrimônio do município. Depenaram a prefeitura como um todo. Estamos buscando outras maneiras de encontrar os processos e identificar quais os processos. Nossa maior preocupação são os processos federais que deixaram a prefeitura inadimplente”.