Profissionais da Enfermagem do Hospital Geral de Roraima (HGR) denunciaram a sobrecarga de trabalho em alguns setores da unidade. É o caso dos blocos A, B, C e Grande Trauma. Eles relataram que isso acontece devido à falta de profissionais, como enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Segundo um denunciante, que é técnico em enfermagem, a escassez de profissionais no Bloco B é tão grande que eles chegam a ficar com 15 pacientes para realizar cuidados em um plantão de 12 horas. “Isto é muito cansativo e não dá para realizar todos os cuidados como deveria ser, pois alguns procedimentos não são feitos e quem perde com a falta de profissionais são os pacientes”, disse.
Conforme ele, a situação vem ocorrendo desde junho de 2016. “A unidade está sem enfermeiros e ficam apenas os técnicos, mas não temos como trabalhar assim. Existe equipe que não tem enfermeiro e não conseguimos trabalhar com a alta demanda. Os leitos não têm lençóis, não tem como fazer a limpeza e falta pessoal suficiente para fazer os procedimentos”, afirmou.
A situação mais crítica, conforme a denúncia, está no Bloco C, que abriga o setor de psiquiatria. “Ali tem equipe que há três meses é composta apenas por dois técnicos em enfermagem. Não tem enfermeiro e, segundo a lei do exercício profissional de enfermagem, o técnico em enfermagem só pode desenvolver suas atividades com a supervisão do enfermeiro, mas isto não está acontecendo no HGR”, relatou.
CONSELHO – A situação sobre o déficit de profissionais de enfermagem no HGR e em outras unidades de saúde da Capital chegou ao conhecimento do Conselho Regional de Enfermagem em Roraima (Coren-RR). “Nós temos trabalhado com a fiscalização nas unidades e tentado disciplinar o exercício da enfermagem passando pela questão do dimensionamento”, disse o presidente da entidade, Josias Ribeiro.
Segundo ele, uma resolução do Conselho Federal de Enfermagem prevê o correto dimensionamento dos enfermeiros nos hospitais. “Isso tem que ser feito conforme os níveis de média assistência, baixo nível ou de ação intensiva. No bloco A do HGR temos 59 leitos e, se fizermos análise rápida, precisaria ter no mínimo três enfermeiros, além de 10 técnicos”, explicou.
O presidente informou que foi feita a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para cobrar a contratação de novos profissionais. “Encaminhamos um relatório ao gestor da unidade e a Secretaria de Saúde sobre essa ausência de profissionais de nível médio e superior”, frisou.
Conforme Ribeiro, o problema poderia ser resolvido com a contratação de enfermeiros que passaram no último concurso, em 2013. “Temos um concurso vigente do cadastro de reserva que está vencendo agora este ano. Poderia ser resolvido esse déficit com o chamamento desses profissionais. O que se pode fazer agora é comunicar ao Ministério Público de Roraima e entrar com ação civil pública contra o Estado”, declarou.
Sesau afirma que chamará novos profissionais para suprir carência
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu, por meio de nota, que tem ciência do quadro atual de profissionais no setor e que vem trabalhando para suprir as demandas, começando pelas mais urgentes. “Mesmo em um momento de crise e de contenção de despesas, o Governo do Estado tem feito todo o empenho possível para promover um reforço nas equipes assistenciais. Prova disso é que nos últimos dois anos foram nomeados mais de 700 novos servidores para a Saúde, sendo boa parte da área de enfermagem”, afirmou.
Atualmente, a equipe de enfermagem do Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento é composta por 861 profissionais. Embora a unidade tenha uma demanda crescente de atendimentos e internações, em função do crescimento da população e atendimento de pacientes estrangeiros, a direção da unidade monta uma escala de trabalho compatível com a realidade local para atender à demanda. “Quando um profissional falta ao plantão, a unidade chama outro profissional que possa cobrir a ausência de seu colega, mediante pagamento de hora extra”, frisou.
Conforme o órgão, com a iminente inauguração do Hospital das Clínicas, no bairro Pintolândia, na zona Oeste, prevista para julho deste ano, espera que seja desafogada a quantidade de atendimentos na unidade, que atualmente concentra os casos mais graves vindos de todo o Estado e países vizinhos.
Em relação ao concurso público para a área, válido inicialmente até 2015, o certame foi prorrogado para até agosto de 2017. “Por lei, o Estado não tem mais obrigação de realizar novas convocações, considerando que todos os classificados dentro do quadro de vagas já foram convocados, mas ciente da necessidade existente e pelo compromisso com os candidatos classificados para a lista de espera, novas contratações devem ser feitas neste ano, com base em um levantamento das principais necessidades das unidades de saúde do Estado”, frisou. (L.G.C)