Sigmund Freud disse: “Estar apaixonado é estar mais próximo da insanidade do que da razão”. Muitas vezes, a paixão faz com que a pessoa perca a noção dos seus atos. O perigo nos “relacionamentos destrutivos” é uma pessoa se tornar dependente da outra, a colocar acima de tudo e se sentir incapaz de viver sem ela.
De acordo com o psiquiatra Alberto Iglesias, sob a óptica consciente, ninguém entra em uma relação para ser infeliz. Porém, não são poucas as pessoas que apresentam problemas seríssimos de convivência e muito sofrimento emocional.
“No início do namoro, tudo é um mar de rosas, parece que a cada dia o amor cresce mais e mais. A pessoa apaixonada acredita que encontrou o amor de sua vida e que ficarão juntos para sempre. Mas a convivência e o tempo derrubam qualquer máscara, e aquele filme romântico se transforma em um filme de terror. Amar já não é mais suficiente quando o desrespeito, o ciúme e outros sentimentos negativos passam a controlar a relação”.
Mas por que as pessoas se mantêm em relacionamentos destrutivos? De acordo com o psiquiatra, o problema é que aspectos negativos do relacionamento se misturam a lembranças de bons momentos vividos ou mesmo misturam-se com o que a pessoa acredita ser amor, e ela não percebe o quão ruim é a situação que está vivendo.
Ele explica que existe uma confusão de sentimentos aliada ao esquema de defesa psíquico, que barra qualquer informação que tenha uma carga emocional ofensiva para a pessoa.
“Isso contribui para que um relacionamento, que é destrutivo, mantenha-se por anos, e a autoestima, o amor-próprio e a alegria de viver vão definhando junto com a pessoa”.
Em casos mais extremos, vemos esse tipo de relacionamento acabar em tragédia. “Saber quais são os aspectos de um relacionamento destrutivo é essencial para evitar que o problema chegue longe demais”.
Iglesias afirma que reações são características de indivíduos inseguros, incertos e depressivos, que apresentam quadro de baixa auto-estima. “Geralmente, os indivíduos que valorizam mais o outro do que a si não possuem amor próprio. A idéia de ser abandonado causa um enorme medo e a pessoa faz de tudo para que isso não aconteça, desde mudar seu jeito até aguentar humilhações”.
É preciso perceber quanto tempo você tem passado sofrendo, conformando-se com algo que não deve e não é condicional. Por mais tempo que possa estar vivendo em um relacionamento desse tipo, sempre há tempo para mudar.
“O primeiro passo para essas pessoas é o autoconhecimento. Quando elas aprendem a se valorizar, se tornam auto-suficientes para conquistar seus objetivos. Um tratamento psicológico e psiquiátrico ajuda bastante. Já a pessoa transtornada, deve viver sua vida normalmente e, se sentir que corre perigo, recorrer à polícia”, finaliza o psiquiatra.
Alberto Iglesias é Médico Psiquiatra e Membro Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria.