Cotidiano

Jovens são as principais vítimas

Quando escapam da morte, eles ficam mutilados e impossibilitados de trabalhar; os números assustam em Roraima

Passava das 22 horas quando os amigos buzinaram na frente da casa de Henrique Nunes, na rua Pedro Praça, no bairro Asa Branca, zona Oeste. O jovem de 22 anos também montou em uma motocicleta e acelerou. O grupo foi a uma festa de forró, no bairro Pintolândia, e lá todos começaram a beber cerveja. Depois, decidiram se reunir em um posto de combustível, no bairro Centenário. Mas o que Henrique não sabia era que ele estava dando os últimos passos.
O trágico acidente de trânsito ocorreu duas horas depois, na avenida Brasil, no bairro 13 de setembro, zona Sul. Henrique saiu do posto de combustível bêbado, ele admite, e seguiu rumo à casa da namorada, mas quando entrou na rotatória do Trevo, sem respeitar a sinalização e a preferência, bateu ao lado de um carro de passeio.
“Só lembro que estava a mais de 100 quilômetros por hora. Bati e apaguei. Acordei dois dias depois, na UTI do HGR”, lembrou o jovem, ontem pela manhã, sentado em sua cadeira de roda. O impacto da batida foi tamanho que Henrique quebrou a coluna vertebral e perdeu o movimento das pernas. Os médicos deram a triste notícia: “Disseram que eu nunca mais andaria”, lamentou.
Henrique fazia cursinho e tentava uma vaga no curso de Direito da Universidade Federal de Roraima. Antes do acidente, ele também trabalhava como assistente em uma loja de telefonia móvel. Hoje, Henrique tenta superar a deficiência física e o trauma que ainda carrega.
“O que aconteceu comigo, sei que já aconteceu com outros, por isso faço um apelo aos jovens. Não bebam antes de dirigir! O problema é que a gente acha que só acontece com os outros. Tive sorte de não morrer, mas só Deus sabe o que estou passando nesta cadeira”, lamentou.
SESAU – Em Roraima, os pacientes vítimas de acidentes de trânsito recebem atendimento especializado no Núcleo Estadual de Reabilitação Física 05 de Outubro (Nerf), que funciona na avenida Ataíde Teive, 6459, bairro Nova Canaã.
Em 2012, foram realizados mais de 20 mil atendimentos; no ano de 2013, foram realizados 30.167 atendimentos; e no primeiro quadrimestre de 2014, foram avaliados mais de 808 pacientes. Entende-se por demanda de reabilitação física toda pessoa com deficiência motora, aquelas que apresentam um comprometimento do parelho locomotor, que compreende o sistema osteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso. (AJ)