As praças públicas de Boa Vista continuam dominadas por marginais, principalmente as que ficam na zona Oeste da Capital. Antes, as famílias aproveitavam o final da tarde para passear nestes logradouros, mas agora o que se vê são membros de galera, viciados e traficantes frequentando o mesmo espaço.
O problema agrava-se principalmente nos locais mais afastados do Centro, onde falta política pública e a presença mais contundente da Polícia Militar que, segundo moradores, custa a fazer rondas. Nas praças, a vizinhança denuncia o excessivo uso de droga e sexo em plena luz do dia.
A auxiliar de serviços gerais Dagmar da Silva, 35 anos, mora na rua CC-20, bem na frente da praça do Conjunto Cidadão, no bairro Senador Hélio Campos, na zona Oeste, tomada pelo mato, lixo, com os brinquedos enferrujados e alambrados quebrados. “À noite, a gente não pode nem sair de casa. É só malandro e viciado usando droga aí na praça. Também é comum presenciar cenas de sexo na quadra e nos bancos”, relatou.
A moradora acredita que se a Prefeitura reformasse a praça e colocasse iluminação pública adequada, os marginais deixariam de frequentar o local. “Está tudo abandonado, por isso que os galerosos tomaram conta da praça, infelizmente”, lamentou. Dagmar não tem filhos, mas fica triste em saber que os sobrinhos não podem se divertir na praça por causa da bandidagem.
A Folha encontrou várias camisinhas e latas furadas, utilizadas para o consumo de droga, nas imediações da praça. “À noite, esta praça vira um motel. Eles transam deitados no meio da quadra. Mesmo com o mato alto, quem passa pela rua enxerga toda a presepada”, comentou a moradora.
MECEJANA – Os mesmos problemas acontecem na praça do conjunto Mecejana, área central de Boa Vista. No final da tarde de ontem, a Folha foi ao local e presenciou jovens consumindo droga. Desconfiados, jogaram a lata fora assim que viram a equipe de reportagem se aproximar e apenas sorriram.
“Aqui é assim. Não há polícia nas ruas e os malandros acabam tomando conta de espaços que deveriam ser utilizados pelas famílias, por quem paga imposto. Esta praça aí é só vagabundo à noite usando droga e fazendo sexo. Não respeitam ninguém”, comentou uma moradora da rua Patativa.
A vizinhança da rua Andorinha também sofre com a insegurança e o descaso da Prefeitura com a pracinha do bairro. “Os brinquedos estão quebrados, as árvores não foram mais podadas e a quadra está danificada. Resumindo: a praça está totalmente abandonada”, lamentou outro morador que também preferiu não se identificar.
CAIMBÉ – Na rua Ercilho Cidade, no bairro Caimbé, zona Oeste, moradores denunciam que a pracinha local já virou boca de fumo. “É de manhã, à tarde e à noite. Não para. Toda hora há gente usando droga e tomando cachaça. A maioria é jovem. A praça nunca foi recuperada”, reclamou Rosa Ferraz, 47 anos, dona de casa.
Moradora próxima à pracinha, Rosa disse que já fizeram um abaixo-assinado e os moradores o levaram à Prefeitura, mas, até o momento, não foram atendidos. Os viciados se reúnem debaixo de uma mangueira, na parte de trás da praça, perto do muro. Rosa lembrou que um dia destes houve até tiroteio no local. “Roubaram um celular e o ladrão veio para a praça, mas o dono veio atrás e atirou. Só escutei o barulho e a correria. A PM também custa a passar”, reclamou.
CARANÃ – No bairro Caranã, na zona Oeste, moradores também reclamam do abandono da praça que fica no Conjunto Cabos e Soldados. Recém-construída, a praça já caiu no esquecimento do poder público. O mato tomou conta da praça e os membros de gangues já começaram a utilizar o local.
TANCREDO – No bairro Tancredo Neves, ainda na zona Oeste, moradores alegam que já se cansaram de denunciar. À noite, a praça vira uma grande boca de fumo. Vários assaltos já foram registrados no local. A precária iluminação pública, segundo os moradores, contribui para a ação dos bandidos.
TREZE – Na praça do bairro 13 de Setembro, zona Sul, além de viciados e integrantes de galera, a comunidade ainda enfrenta a prostituição infanto-juvenil. Segundo os moradores, para sustentar o vício, jovens estariam se prostituindo. “É carro parando direto aí, pegando os rapazes que fazem programa. As meninas também são usuárias de droga, por isso se sujeitam a esta triste situação. É lamentável ver pessoas tão novas se prostituindo. Tudo porque o poder público se faz ausente”, reclamou uma moradora que preferiu não se identificar.
CENTRO – O problema não atinge apenas moradores da periferia. No complexo Ayrton Senna, no Centro, os assaltos se tornaram cada vez mais frequentes. Jovens de classe média também utilizam o local para consumir droga. Até a Praça das Águas virou palco de confrontos de galeras.