Cotidiano

Embrapa debate tecnologias para cultivo da soja em sistema lavoura-pecuária

As tecnologias para a cultura da soja em sistema de interação lavoura-pecuária no cerrado roraimense estão sendo discutidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e produtores locais e da Venezuela. A quarta edição da Reunião de Tecnologias para a Cultura da Soja no Cerrado de Roraima encerrará nesta quarta-feira, 22, no auditório da Embrapa Roraima. O evento ocorre das 8h às 17h15 e tem como público pesquisadores, profissionais de assistência técnica e extensão rural, produtores e demais interessados no cultivo da soja. 

Para o pesquisador da Embrapa e organizador do evento, Vicente Gianluppi, a integração lavoura-pecuária é o meio de desenvolvimento do setor no Estado. “Achamos que só uma safrinha de soja fica pouco para o tamanho de Roraima. Temos que fazer a safra com os grãos e utilizar a propriedade o resto do ano com a pecuária para que possa competir e utilizarmos mercados de fora, como Venezuela e Manaus”, disse.

Entre os temas que serão abordados estão: forrageiras para sucessão à soja; semeadura de milho com forrageiras para a formação de pasto; geração de informação para tomada de decisões no cultivo da soja e integração lavoura-pecuária. Também serão ministradas palestras que visam atualizar os produtores nas questões básicas para o plantio, como correção e adubação do solo, manejo de pragas e doenças.

De acordo com ele, Roraima possui 4 milhões de hectares de cerrado, sendo que aproximadamente um milhão destes têm aptidão para serem incorporados ao processo produtivo em discussão. “É uma condição para nós sermos competitivos, exportar carne e grãos. A safrinha precisa ser feita com a pecuária e é isso que estamos discutindo”, destacou.

A quarta edição do evento teve a ampliação da participação internacional com a apresentação da palestra ‘O que significa “La Ruta de la Soya Venezuela”’ para a integração entre Brasil e Venezuela. Ao todo, 29 produtores do país vizinho estão participando do evento.

“Estamos trazendo palestrantes que estão 20 anos à frente justamente para discutir como iremos chegar lá. Os verdadeiros pecuaristas ou agropecuaristas serão aqueles que produzirão cinco toneladas de grão por hectare entre milho e soja e, ao mesmo tempo, produzirão 400 quilos de carne por ano”, ressaltou.

CULTIVARES – Atualmente, 95% das cultivares de soja plantada em Roraima são provenientes das pesquisas de melhoramento da Embrapa. São dez as cultivares já testadas em área de produtor e campos experimentais, todas disponibilizadas aos produtores roraimenses, são elas: BRS Tracajá, que representa 60% da área semeada no Estado, BRS 8381, BRS 8581, BRS 7980, BRS 8780, BRS 9180 IPRO RR, BRS 9383 IPRO RR, BRS Sambaíba, BRS Raimunda e BRS Candeia.

Os trabalhos têm priorizado a seleção de materiais de ciclos curtos, com resistência à nematoides e com alto potencial produtivo. O ciclo curto oferece maior segurança ao produtor por ampliar a janela de semeadura e minimizar o efeito dos veranicos, permitindo a implantação de pastagem associada ao cultivo da soja na mesma safra, estratégia decisiva para o sucesso da integração lavoura-pecuária.

PRODUÇÃO – Com condições de solo e clima adequados para o cultivo do grão, Roraima desponta como novo polo sojicultor no Norte do país. Uma das grandes vantagens do Estado é a safra invertida, caracterizada pela colheita em agosto/setembro, período em que os sojicultores de outros estados do país estão iniciando a semeadura. Em 2016, o Estado contabilizou 25 mil hectares de área plantada e produtividade em torno de 3 mil toneladas por hectare.