Cotidiano

PMs são acusados de invadir casa e agredir família no Jardim Olímpico

Vídeo mostra ação de policiais do Ronda no Bairro, que foi denunciada à Corregedoria da PM e ao Ministério Público

Uma família passou momentos difíceis no começo da tarde de domingo passado, dia 31, nas mãos de quem deveria zelar pela ordem e segurança da população. Policiais militares do Ronda no Bairro foram filmados por um morador invadindo uma casa no bairro Jardim Olímpico, zona Oeste. Pai, mãe, dois filhos adolescentes e até uma cadela, segundo os denunciantes, apanharam.
A humilhação, conforme o casal, foi além do espancamento. Na hora da confusão, a família estava almoçando. “Os policiais derrubaram o portão, invadiram nossa casa e nos bateram. Deram tapas na minha filha e no meu filho, que são adolescentes, depois em mim e no meu marido. Até nossa cachorra levou chutes. Não bastasse, um dos policiais ainda olhou para nossa mesa e ironizou, dizendo que nós, faxineiros, estávamos almoçando carne assada. Foi humilhante”, lamentou a mãe, que é auxiliar de serviços gerais.
O motivo da agressão teria sido um fato banal, segundo os denunciantes. A PM prendia um jovem na frente da casa das vítimas, suspeitos de ter furtado uma motocicleta e uma botija de gás. “Aí, ouvimos a gritaria e fomos olhar. Saímos para frente de casa e vimos os policiais batendo no rapaz. Foi quando meu marido pediu para que eles parassem de bater, pois o garoto já estava algemado e no camburão da viatura. Mas o policial não gostou e ameaçou meu marido, dizendo que na ‘gaiola’ da viatura tinha vaga para mais um”, disse.
Ainda segundo a denunciante, ao escutar as ameaças, o filho de 17 anos respondeu para o policial que seu pai não era bandido e que era trabalhador. “Foi nessa hora que os policiais se irritaram. Então, a gente entrou e retornou à mesa do almoço. Foi quando escutamos o barulho do portão de ferro caindo e os PMs invadindo nossa casa”, relembrou.
Após apanharem e serem humilhados, pai, mãe e filhos foram levados à Central de Flagrantes I, no 5º. Distrito de Polícia, zona Sul. Sem materialidade alguma de crime, o delegado plantonista Alberto Alencar escutou os envolvidos e os policiais militares e então decidiu liberar toda a família. Na frente da delegacia, quatro viaturas do Ronda no Bairro davam apoio aos colegas envolvidos no episódio.
“Queremos Justiça, isso não pode acontecer. Como policiais invadem minha casa, agridem até meus filhos, nos humilham e ainda nos levam como bandidos para uma delegacia? É esta a polícia comunitária que aparece nas propagandas do governo?”, questionou a auxiliar, anteontem à tarde, na Redação da Folha.
Na segunda-feira, dia 1º, a auxiliar e o marido, que também é auxiliar, formalizaram a denúncia na Corregedoria da PM. Ontem pela manhã, eles também seguiram ao Ministério Público do Estado (MPRR) para também denunciarem a agressão.
Um vizinho das vítimas filmou os policiais militares invadindo a casa. As imagens entregues à Folha mostram a ação truculenta. Dentro da casa, muita gritaria. O vídeo também foi entregue na Corregedoria da PM e no MPRR e pode servir como prova.
A Folha apurou que os PMs, acusados das agressões continuam trabalhando na rua, prestando serviços à população.
PM – A Assessoria de Comunicação da PM informou, ontem à tarde, por telefone, que será instaurado um procedimento investigativo para apurar o caso. Segundo a Ascom, a PM só se manifestará após a conclusão dos trabalhos, que pode durar 30 dias, prorrogáveis por mais 30. (AJ)