O tabagismo é um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento da doença arterial obstrutiva periférica (junto com a hipertensão, diabetes, colesterol alto e idade avançada). De acordo com o cirurgião Guilherme Bortolon, a doença arterial obstrutiva periférica é uma obstrução progressiva do fluxo sanguíneo e causa isquemia (falta de sangue) nos órgão e membros acometidos.
“Os efeitos do cigarro é visto em quase todos os órgãos importantes do corpo, tanto do tabagista como das pessoas que convivem com fumantes e inalam a fumaça dos cigarros”, explica o médico.
Os portadores de doenças vasculares causadas pelo fumo são a terceira causa de procura por um angiologista. Isso porque ele interfere, principalmente, na circulação sanguínea, já que os glóbulos vermelhos têm mais afinidade pelo monóxido de carbono do que pelo oxigênio.
“Os fumantes ativos tem maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares em relação aos fumantes passivos, estudos recentes revelam que estes apresentam um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares do que a população não exposta ao tabagismo, ainda assim é preciso ficar atento”, ressalta.
De acordo com o médico, fumantes ativos e passivos apresentam um risco até quatro vezes maior de desenvolver doenças cardiovasculares, tais como derrame cerebral (AVC), infarto do miocárdio, e um risco até 10 vezes maior de desenvolver doença vascular periférica, como entupimento das artérias das extremidades, aneurismas, entre outros problemas.
O médico relata que não se sabe ao certo o efeito do tabagismo especificamente na doença venosa, mas acredita-se que o tabagismo gere uma “inflamação” na parede da veia e isto pode levar ao aparecimento de varizes.
“Estudos revelam que o tabagismo pode não ser dose dependente, ou seja, poucos cigarros ao dia já podem levar à doença vascular arterial grave e outras doenças relacionadas. Portanto, qualquer exposição ao cigarro pode ser prejudicial”, conta.
O ideal é controlar os fatores de risco (tabagismo, hipertensão, diabetes, colesterol, sedentarismo) antes do aparecimento dos sinais e sintomas da doença arterial, que podem ser: dor na panturrilha para caminhar ou dor no repouso, membros frios, alteração da cor e da elasticidade da pele, perda de pelos, feridas que não cicatrizam.
Dados
Embora a taxa de fumantes no Brasil esteja, pela primeira vez, abaixo dos 15%, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2011, o número de casos de câncer associados ao tabagismo continuam alarmantes. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), por meio de pesquisas, afirma que só neste ano, 37% dos novos casos de câncer podem estar relacionados ao vício.
Fumantes passivos
Pessoas que não fumam, mas são expostas ao cigarro, apresentam um risco 30% maior de desenvolver câncer no pulmão e doenças cardíacas e têm de 25% a 35% mais chances de sofrer de doenças coronarianas agudas, se comparado às pessoas que não estão expostas à fumaça do cigarro.