Política

Deputado defende criação de projeto de desenvolvimento que inclua imigrantes

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, parlamentar criticou a decisão do Governo Federal de criar acampamento para refugiados

A migração venezuelana foi um dos assuntos discutidos ontem no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020. Em entrevista ao economista Getúlio Cruz, o deputado estadual Joaquim Ruiz (PTN) criticou a postura que o Governo Federal vem adotando acerca da questão, que vem se agravando nos últimos anos.

Um dos pontos destacados pelo parlamentar está a possível criação de um campo de acolhimento para os refugiados na fronteira com Pacaraima, no Norte do Estado, na fronteira com a Venezuela. Atendendo a uma recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), o Ministério da Integração Nacional (MI), por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), encaminhou a localidade 75 barracas, que ajudarão abrigar mais de 700 pessoas, conforme já divulgou a Folha.

“O Brasil sempre se consolidou como um país de natureza acolhedora e isso nós podemos observar em todos os fatos mais importantes da história, como ocorreu durante a Segunda Guerra, com a vinda da imigração japonesa para a Amazônia. Ou seja, nós somos uma nação com forte tendência de imigrantes. Quando houve essa proposta da montagem desse campo, eu me posicionei totalmente contra, até por parecer algo próximo de um campo de concentração. Durante a vinda do pessoal da ONU com a equipe do Governo Federal, mesmo eles dizendo que não havia uma agenda para debater uma solução, insisti afirmando haver a necessidade de se criar um projeto onde o Estado também possa sair ganhando. A União precisa parar de virar as costas para esse problema”.

Conforme Ruiz, muitos dos imigrantes que vêm para o Estado possuem grau de escolaridade que podem suprir as necessidades dos mais variados setores da sociedade. Uma mão de obra que, segundo ele, acaba se perdendo em meio à burocracia existente no país.

“Independente de sua nacionalidade, o imigrante pode contribuir e muito para o desenvolvimento do Estado. Nós temos observado isso perfeitamente. Existem situações de homens e mulheres com ótimos currículos, com especialização e mestrados, mas que ainda estão em uma situação de clandestinidade por conta da burocracia. Então, é preciso que haja um esforço das entidades federais para mudar essa situação, porque o Estado sozinho não consegue fazer isso”, destacou.

De acordo com o parlamentar, a ONU investe, trimestralmente, cerca de US$ 10 mil no socorro de famílias vítimas de conflitos humanitários, como é o caso dos refugiados venezuelanos. Esse valor, baseado no quantitativo de pessoas que estão sendo atendidas em Pacaraima, poderia ser investido em projeto de desenvolvimento populacional no Baixo Rio Branco, no Sul do Estado, proposta esta que já esta sendo trabalhada por ele e que pode beneficiar Estado, os refugiados e a própria organização.

“É uma região estratégica, que fica na fronteira de Roraima com o Amazonas, rarefeita em termos populacional e geograficamente regularizada, ou seja, pertence ao Estado. Se houvesse um trabalho de desenvolvimento ali, respeitando o meio ambiente, com certeza minimizaria toda essa questão”, salientou.

GOVERNO TEMER – Além da questão dos imigrantes venezuelanos no Estado, o deputado comentou também a respeito das notícias envolvendo o Governo de Michel Temer (PMDB).  Em delação a investigadores da Polícia Federal, o dono da empresa JBS, Joesley Batista, afirmou que o peemedebista sugeriu a ele que fosse mantido pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e ao doleiro Lúcio Funaro, para que estes ficassem em silêncio.

A notícia caiu como uma bomba na política nacional, a ponto de a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovar, no sábado, 20, a abertura de impeachment contra Temer.  Para o parlamentar, diante das circunstâncias apresentadas pela denúncia, a gestão de Temer não terá mais governabilidade para manter os projetos que vinha idealizando desde a destituição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

“No meu ponto de vista, na atual situação, o Temer não interessa mais a elite brasileira. Então, ele foi um instrumento usado e agora descartado. O meu partido, o PTN, faz parte da base aliada, no entanto, essa situação pode mudar ainda essa semana. Eu sei que a Executiva deve se reunir esta semana para decidir se vai permanecer ou abandonará a base de apoio do Governo. Mesmo se permanecer, na minha opinião, o governo Temer acabou”, declarou. (M.L)