Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020, na manhã de ontem, 21, a coordenadora Técnica da Federação das Indústrias de Roraima (Fier), jornalista Karen Telles, falou das primeiras conquistas para o Estado com a implantação do Fórum das Federações Representativas de Classes Empresariais do Brasil e Guiana, instituída no início desse ano.
Conforme Karen, a iniciativa se originou graças à articulação de empresários brasileiros que atuam no setor agroindustrial. A ideia é formalizar a parceria que possa auxiliar no crescimento econômico de ambos os países por meio da colheita de grãos e desenvolvimento da pecuária.
“Inicialmente, nós não esperávamos que as reuniões tivessem essa proporção toda. A princípio, era para ser uma pequena conversa com um grupo de cinco ou dez empresários. No decorrer das negociações, o governo da Guiana começou a demonstrar muito interesse em vir para cá, trazendo as principais entidades que promovem o desenvolvimento daquele país. Isso se deu graças à articulação de alguns empresários brasileiros do setor de grãos, que já produziam por lá e que apostaram todas as suas fichas acreditando que é possível desenvolver a região por meio da construção de parcerias”, afirmou.
No início deste mês, a entidade, juntamente com outras instituições como Federação do Comércio de Bens, Serviços, e Turismo do Estado de Roraima (Fecomércio-RR), Federação da Agricultura e Pecuária de Roraima (Faerr), Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima (Facir), promoveu o Encontro Empresarial Bilateral Brasil-Guiana. A ação contou não só com a presença de autoridades de Roraima, bem como do país vizinho.
Dentre os principais avanços destacados pela jornalista está a possibilidade de concessão de terras para que empresários brasileiros possam desenvolver o setor de grãos na região da fronteira. Ela afirmou que o estado de Roraima tem um grande número de empresários com potencial para a produção de alimentos que advém de todo processo agroindustrial, mas, para isso, é necessária a destinação de terras para produzir.
“Temos sido demandados em relação a isso, tanto que o nosso Centro Internacional de Negócios recebe semanalmente consultas a respeito de empresários de diversos países, sobretudo dos mercados do Caribe, que querendo comprar os nossos produtos. Graças à conversação entre as autoridades dos dois países, criou-se a possibilidade da concessão de terras para essa prática e, para a nossa surpresa, durante o encontro do dia 09, nós recebemos a informação de que o governo guianense concedeu ao empresário Nelson Itikawa, que é um dos pioneiros no cultivo de arroz por lá, a concessão de uso da terra por 50 anos, o que consideramos um marco histórico para o desenvolvimento empresarial do Estado e que abre margem para novos investimentos, gerando retorno para ambos os lados”, destacou.
ASFALTAMENTO – Outro ponto apontado por Karen como vital para o desenvolvimento das relações econômicas dos dois países diz respeito ao início do asfaltamento da estrada que liga a cidade fronteiriça de Lethem a Linden, o que concretizaria a criação de corredor de escoamento da produção roraimense, facilitando sua chegada aos mercados do Caribe via Porto de Georgetown.
“A intenção é que ambos os lados colham os frutos dessa parceria e qualquer detalhe, mesmo que pequeno, pode fazer a diferença. Se não me engano, são 854 quilômetros que ligam Lethem a Linder, ou até menos que isso. E o que a gente analisa é que, para o fluxo de veículos e de cargas que se tem, realmente é possível se trafegar com certa facilidade, mas no momento em que se adentram os negócios, talvez essa estrada não viabilize o escoamento da produção. E o que a gente quer ver é realmente a condição de que as nossas empresas, seja qual for o setor, prosperem e que traga desenvolvimento”, frisou. (M.L)
