Comerciantes de Pacaraima, localizado na região norte do Estado, na fronteira com a Venezuela, procuraram a Folha, na manhã de ontem, para denunciar o clima de insegurança que vem aterrorizando os moradores daquele município. Conforme eles, a situação piorou nos últimos dois anos, principalmente por conta do crescimento no número de venezuelanos que adentram para o Brasil por meio da fronteira com Santa Elena de Uairén.
Muitos deles, segundo os pequenos empresários, estão diretamente envolvidos com ações delituosas na cidade. “Existem sempre aqueles que vêm para cá em busca de uma vida melhor, mas, nos últimos anos, a cidade tem ficado a mercê daqueles que adentram no Estado para praticar crimes. O número de roubos no comércio só tem crescido e as autoridades parecem não fazer nada para minimizar a situação”, relatou uma comerciante que não quis se identificar.
Conforme ela, a grande maioria dos estabelecimentos alvos de roubos está localizada na área central da cidade. Nem mesmo a presença de câmeras de segurança tem inibido a ação dos criminosos. “Na semana passada, por exemplo, cinco venezuelanos foram presos em flagrante na madrugada tentando roubar uma farmácia na área central da cidade. A Polícia Militar até deteve os envolvidos na delegacia, no entanto, pela parte da manhã eles já estavam soltos, fazendo ameaças a quem reclamasse”, disse.
Além dos assaltos aos estabelecimentos, os comerciantes relataram a venda e o uso indiscriminado de drogas na cidade. Questionados sobre a atuação das esferas públicas no combate ao problema, eles relatam que apenas a Polícia Militar tem agido firme para dar maior sensação de segurança aos moradores do município.
“Já comunicamos a situação à Comarca do Município [Ministério Público] e a Prefeitura sobre a questão, mas eles nunca se pronunciam a respeito. A PM é a única que tem feito alguma coisa, tanto que até recebemos a promessa do comandante, coronel Prola, de reforçar a situação aqui. Infelizmente, a única recomendação da Polícia Civil é o registro do Boletim de Ocorrência, só que já estamos impacientes com essa situação. Se a gente toma alguma providência ao nosso modo, a rigidez da Justiça pode vir a ser implacável, ou seja, a única alternativa que temos é pedir socorro por meio dos veículos de imprensa”, frisou outro comerciante.
POLÍCIAS – Em nota, a Polícia Militar informou que, desde quarta-feira, 14, está reforçando o policiamento ostensivo na cidade de Pacaraima, com uma patrulha do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e outra do Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro).
A Folha contatou a Polícia Federal, que informou que, no âmbito de suas atribuições, atua na prevenção e repressão de crimes praticados por estrangeiros e nacionais. “Outrossim, a Polícia Federal em Roraima realiza regularmente ações de fiscalização de entrada ou estada irregular de estrangeiros no território nacional”, destacou. Contudo, ressaltou que, por força de decisão judicial dada pela Justiça Federal, os procedimentos sumários de deportação de estrangeiros encontram-se atualmente suspensos.
Já a Polícia Civil disse que vai se pronunciar sobre o assunto na próxima semana.
A Folha também entrou em contato com a Prefeitura de Pacaraima e com o Ministério Público de Roraima (MPRR), mas até o fechamento desta matéria, às 18 horas, não obteve retorno. (M.L)