O Ministério da Saúde (MS) anunciou mudanças na oferta da vacina contra o HPV para meninos em todo o país, ampliando a imunização para a faixa-etária dos 11 até os 15 anos incompletos. Em Boa Vista, segundo informações do Centro Municipal de Imunização (CMI), o público a ser imunizado sobe de 7.400 para 16.724 meninos. Na etapa anterior, que englobava apenas a faixa dos 12 aos 13 anos, apenas 15% havia tomado a vacina.
“Infelizmente, existe um fator muito negativo entre os meninos em relação à doença. Por não possuírem útero, eles acreditam que não necessitam se imunizar contra a doença. No entanto, o HPV também resulta em outros tipos de cânceres, com o de pênis e de ânus. Por esse motivo, é importante que esses meninos estejam abertos para a importância dessa vacina”, explicou a coordenadora do CMI, Márcia Figueiredo.
Segundo ela, a baixa adesão dos meninos à vacina foi a maneira encontrada pelo MS de estimular a imunização entre o público-alvo. Para isso, as secretarias municipais de Saúde ficam encarregadas de promoverem uma série de atividades para conscientizar meninos, meninas, pais e comunidade escolar sobre a importância da vacina.
“Como não houve essa adesão positiva dos meninos nessa primeira etapa, que foi iniciada em janeiro, o Ministério da Saúde decidiu ampliar a cobertura. A gente só pode considerar a pessoa imunizada a partir da segunda dose. Com isso, o CMI tem promovido os esclarecimentos sobre a doença nas escolas municipais e disponibilizado o termo de autorização para a vacinação. O estudante leva esse documento para ser assinado pelos mais e após dois dias nós voltamos àquela escola para realizar a vacinação”, disse a coordenadora, ressaltando que a meta do Município é imunizar 80% do público.
Responsável por causar doenças como o câncer do colo de útero e verrugas genitais, o HPV é um vírus altamente contagioso. Sua transmissão acontece principalmente por meio do ato sexual sem proteção.
A vacina contra o vírus é distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS), podendo ser adquirida em qualquer unidade básica de saúde. Quando o interessado vai até a unidade básica de saúde, a vacina não requer autorização, ou seja, há total acesso para a imunização. Diferente quando se leva a imunização nas escolas, que já é outro tipo de trâmite.
DESINFORMAÇÃO – Mesmo disponível em quantidade suficiente nos postos de saúde dos 15 municípios do Estado, a vacina contra o HPV não tem recebido adesão. A situação preocupa o Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunização (Nepni). Para a coordenadora do órgão, Amanda Arantes, a falta de interesse do público-alvo está basicamente associada à desinformação dos pais sobre os benefícios da vacinação.
“Quando se trata de vacinação entre adolescentes, notamos a desinformação de muitos e o receio por desconhecer o papel da vacina, que tem como objetivo proteger contra a doença que estão diretamente associadas ao HPV”, frisou.
Com a ampliação do público-alvo, o Nepni espera que a população se sensibilize. Todos os municípios possuem estoque suficiente para garantir a imunização dos meninos, com a meta de atingir 90% de cobertura vacinal, percentual que até o momento é de apenas 25%. (M.L)