Cotidiano

Servidor reclama que funcionários da Cerr são obrigados a ficar sem fazer nada

Um funcionário da Companhia Energética de Roraima (Cerr) procurou a Folha para denunciar que a gestão da empresa está obrigando servidores a registrar o ponto eletrônico e permanecer no local de trabalho mesmo sem nenhuma atividade a ser exercida. A estatal perdeu a concessão de energia para o interior em janeiro deste ano.

Segundo Marcos Henrique da Cruz, a diretoria da estatal colocou uma chapa de ferro na máquina que registra o ponto dos servidores para evitar que as pessoas deixem o local de trabalho ou que registrem a presença antes do horário. “Desde que a Cerr perdeu a concessão, os servidores que prestavam serviço no interior estão em casa recebendo proventos, e os que são da Capital estão sendo obrigados a registrar o ponto e permanecerem no local sem realizar nenhuma atividade”, disse.

O servidor, concursado da estatal há dez anos, afirmou que, desde que a empresa deixou de prestar o serviço de distribuição de energia, no início do ano, o governo não realocou nenhum funcionário para outra instituição. “O governo sequer nos deu alguma satisfação de como vai ficar nossa situação. Estamos passando pelo constrangimento de ter que levantar cedo, nos arrumarmos, registrar o ponto, sentar na cadeira e ter que ficar seis horas olhando para cara um do outro”, relatou.

Ele denunciou ainda, que os poucos servidores que foram incorporados pela Eletrobras Distribuição Roraima foram “escolhidos a dedo” e que estes estariam recebendo o benefício de vale alimentação de R$ 1,2 mil, superior ao que recebem os servidores que continuaram na empresa, que é de R$ 570,00.

Conforme Marcos, com a perda da concessão vários benefícios dos servidores foram cortados. “Financeiramente passo por dificuldades. Quando foi deliberado empréstimo consignado, foi em cima do que se recebia, só que a partir de janeiro cortaram todos os benefícios”, frisou.

O servidor disse que não acha justo ser obrigado a cumprir a carga horária na empresa sem realizar nenhuma atividade. “Eu sou um que bato ponto e vou embora, porque não tem nada para fazer. O que vou ficar fazendo seis horas lá? É uma situação complicada”, declarou.

CERR – A Companhia Energética de Roraima esclareceu que, mesmo com a perda da concessão desde o dia 1º de janeiro de 2017, a empresa está em funcionamento, tendo em vista que está em fase de levantamento patrimonial, sem estimativa de prazo para o fim desse serviço.

Frisou que tem cumprido com a legislação trabalhista, implantando o ponto biométrico como forma de registrar o horário de entrada e saída dos colaboradores conforme o expediente da companhia, que é das 7h30 às 13h30.

Com relação ao benefício alimentício concedido aos colaboradores cedidos para a Eletrobras Distribuição Roraima, destacou que o pagamento e definição do valor são de responsabilidade da Eletrobras, assim como a cessão de colaboradores da Cerr. (L.G.C)