Com a confirmação da morte por difteria de um menino venezuelano, no Hospital da Criança Santo Antônio na madrugada de terça-feira, 18, a população de Boa Vista intensificou a corrida aos postos de saúde em busca de vacinação contra a doença. No entanto, muitos ficaram frustrados por não encontrarem a vacina.
Um ouvinte da Rádio Folha disse que levou o filho para vacinar contra cinco tipos de doenças, incluindo a de difteria, no Centro de Saúde Olenka Macellaro, na Avenida Mário Homem de Melo, no bairro Caimbé, zona oeste, no entanto, ele foi informado que em Boa Vista não havia vacina contra a difteria, pois o Ministério da Saúde não repassa mais essa vacina para os municípios do Norte do país.
A Folha esteve no local na tarde de ontem, 19, e foi comunicada pela recepcionista que não poderia confirmar se havia ou não a disponibilidade da vacina e que só quem poderia saber esta informação seria a vacinadora, na manhã de hoje, 20, porque a profissional estava ausente do local de trabalho no horário da tarde. Enquanto isso, populares e familiares reclamaram da falta de serviço. “Eu venho andando com o meu filho e não tem ninguém pra vacinar”, reclamou uma mãe.
OUTROS BAIRROS – No Centro de Saúde do bairro 31 de Março, localizado na Rua Major Carlos Mardel, zona norte, a recepcionista informou que a profissional de vacinação estava de férias e que no momento não havia ninguém para substituí-la. A Folha tentou contato com a diretoria da unidade, mas foi informada que as declarações só poderiam ser feitas através da Secretaria Municipal de Comunicação.
Já o Posto de Saúde Sílvio Botelho, no bairro dos Estados, também na zona norte, a diretoria afirmou que o serviço de vacinação continua normal, mas não deu mais detalhes sobre o assunto.
PREFEITURA – Sobre o caso, a Prefeitura de Boa Vista negou a falta do serviço e esclareceu que todas as unidades básicas de saúde com sala de vacinação possuem as vacinas contra difteria. Segundo o município, são 27 salas de vacina na Capital, que funcionam em horários diferentes em cada unidade.
Com relação à unidade Olenka Macellaro, frisou que o local possui sala de vacina com atendimento nos turnos da manhã, tarde e noite. “Hoje [ontem], por problemas pessoais, a vacinadora do período vespertino precisou se ausentar”, informou.
A Prefeitura ressaltou que, nos demais dias, a vacinação ocorrerá normalmente até a meia-noite. Além dessa unidade, outras três também funcionam em horário estendido até meia-noite, com sala de vacina no período noturno, como Délio Tupinambá, Aygara Motta e Mariano de Andrade.
DIFTERIA – A doença bacteriana aguda é caracterizada principalmente por um processo inflamatório nas amígdalas, laringe e nariz. Os principais sintomas são febre, cansaço, palidez e dor de garganta discreta. Em casos mais graves pode haver edema no pescoço, aumento de gânglios linfáticos e até asfixia.
A bactéria da difteria, a Corynebacterium diphtheriae, é transmitida por contágio direto com doentes ou por portadores que não manifestam a doença através das secreções nasais. Também pode ocorrer a transmissão indireta, através de objetos que tenham sido contaminados recentemente por meio das secreções ou lesões.
A doença atinge pessoas de qualquer idade e não apenas crianças, desde que não tenham sido vacinados contra a difteria. Crianças em idade pré-escolar são o grupo mais suscetível justamente por não terem sido imunizadas.
A vacina é a pentavalente, que une a antiga vacina conhecida como tetravalente que combate a difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b, além da hepatite B. A vacina continua sendo a única forma efetiva de prevenir a doença. (P.C.)