Recente pesquisa da Delta Economics & Finance/América Economia, divulgada pela revista Exame, colocou Boa Vista como a 49º melhor cidade do país para viver, num universo total de mais de 5,5 mil municípios de todo o país. Na avaliação do sociólogo, Vicente de Paulo Joaquim, uma série de fatores e potencialidades da cidade contribuem para colocar a Capital neste patamar, no entanto, o especialista salientou que há muito o que ser feito, sobretudo do aspecto de acesso a serviços públicos e urbanização para melhorar ainda mais este índice.
Em entrevista ao programa Agenda da Semana, concedida na manhã deste domingo, dia 14, na Rádio Folha 1020, o sociólogo, que foi, por mais de duas décadas, chefe da unidade local do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), onde atualmente é técnico, lembrou que um dos indicadores mais importantes do instituto no que diz respeito à qualidade de vida, o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), já havia elencado a Capital entre uma das 100 melhores cidades para viver, com base em dados do Censo Demográfico feito em 2010. O índice é a medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda.
Ele explicou que a qualidade de vida resulta de uma série de fatores e está intimamente ligada ao modo com o qual as necessidades básicas da população são atendidas. Analisando por este lado, afirmou que Boa Vista apresenta várias situações que comprometem a qualidade de vida de sua população, à exemplo da Saúde Pública e organização do espaço urbano. “Ainda assim, a cidade tem todo o potencial para resolver estas questões e se consolidar como um local cada vez melhor para se viver”, ponderou.
Joaquim salientou que, para um estado com menos de 500 mil habitantes, Roraima – e consequentemente a Capital – vivencia vários problemas urbanos e que ainda há necessidade de criar instrumentos que permitam que a população tenha acesso a um sistema de saúde adequado, por exemplo. “Estamos bem, mas ainda temos problemas bastante sérios nos quais podemos melhorar muito mais. E isso não depende só dos políticos, mas muito dos usuários desses serviços”, enfatizou.
Apesar disso, o sociólogo elencou pontos que segundo ele, contam positivamente ao se mensurar a qualidade de vida de uma população: o acesso ao esgotamento sanitário saltou de 5% para quase 40% da população; quase toda a população tem acesso a água potável, cerca de 97% população tem acesso a Educação, alto índice de escolaridade da população, o que implica em mais acesso a renda e bens. “Temos espaço urbano a ser construído, planificação econômica razoável, ainda não temos processo crescente de favelização e miserabilidade por causa da capacidade de captação de recursos para enfrentar esse problema”, explicou.
Mas nem tudo são flores. Segundo Joaquim, uma pesquisa de percepção, para mostrar a qualidade de vida em torno da casa de cada cidadão, mostrou resultado não muito bom. “Para a qualidade de vida, não basta um bom salário. É preciso um bom ambiente para viver e neste quesito precisamos melhorar em alguns pontos como coleta de lixo, iluminação pública, escoamento de água fluvial, acessibilidade, pois a pesquisa detectou um percentual elevado com pontos negativos nestes itens”, analisou.
PESQUISA – Para obter o resultado, a pesquisa analisou 77 características de cada uma das mais de 5,5 mil cidades do Brasil e levou em conta fatores como qualidade de vida, saúde, educação, segurança pública, saneamento básico, economia e governança. Os dados foram coletados no período de agosto e setembro deste ano. Boa Vista foi a única da região Norte entre as 50 melhores colocadas.
Cotidiano
Apesar de oferecer qualidade de vida, BV precisa melhorar
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