A busca por mecanismos que auxiliem no tratamento de crianças e adolescentes com dislexia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), duas doenças neurológicas que causam inúmeros problemas de aprendizagem, nem sempre é uma tarefa das mais fáceis. Atualmente, estima-se que ambos os problemas afetem cerca de 7% da população mundial.
“Quase 5% das crianças matriculadas na rede escolar têm um desses distúrbios. No meu filho mais velho, por exemplo, os sinais da dislexia começaram a surgir aos quatro anos de idade. Quando meu marido e eu o levamos para consultas com especialistas, principalmente no setor público, os prognósticos em relação a esse distúrbio não eram claros. Demorou mais quatro anos, para enfim, termos um diagnóstico mais preciso e isso só aconteceu por iniciativa nossa de procurar a ajuda de uma especialista mais experiente”, contou a pedagoga Maria Josélia Grudtner.
Por conta das dificuldades em encontrar um diagnóstico mais preciso e um tratamento eficaz para o caso do filho, a pedagoga, e pais que vivenciam o mesmo drama e alguns profissionais decidiram criar, em junho do ano passado, a Associação Municipal de Dislexia e TDAH, uma entidade sem fins lucrativos que hoje é referência no tratamento gratuito de crianças com ambos os distúrbios.
“A criança com dislexia, principalmente os meninos, apresenta sempre um atraso na fala e, em muita dos casos, o TDAH também está intimamente relacionado a esse distúrbio. Infelizmente ainda não existe na rede pública de saúde, seja a âmbito de Estado ou Município, um tratamento eficaz para esses dois problemas. Existem alguns casos isolados aqui ou ali, mas esse atendimento não é preciso, ou seja, ainda é muito falho, devido a maioria dos profissionais daqui não dominarem muito bem a questão. Foi justamente por isso que decidimos criar a associação, para agregar um conjunto de especialidades que auxiliem as pessoas nesse tratamento”, explicou.
Segundo Maria Jocélia, a associação conta atualmente com seis especialistas, sendo três psicopedagogas, duas psicólogas e uma fonoaudióloga. Todas elas desempenham trabalhos de forma voluntária, sem nenhum tipo de compensação. “Todos os trabalhos são voltados para o desenvolvimento do paciente com esses dois distúrbios, em que cada profissional busca avaliar de forma precisa o problema dentro da sua área de atuação, o que garante um tratamento mais preciso. Além do atendimento clínico e dos trabalhos em grupo, já que as crianças que apresentam esses dois distúrbios sentem dificuldades de interação com outras pessoas, os voluntários também trabalham com as famílias, por meio de reuniões mensais, e de palestras nas escolas dessas crianças”, explicou.
Atualmente, segundo ela, a associação possui pouco mais de 180 associados, no entanto, a entidade já trabalha na busca por novos associados, o que pode ajudar a ampliar os serviços para a população que mais necessita. “Os sócios, que são as pessoas que têm o direito a esse atendimento, dão uma contribuição mensal de R$ 40, justamente para ajudar a gente manter a associação, já que há gastos com aluguel do espaço, conta de água, energia elétrica e os materiais que são utilizados para os atendimento. São 180 sócios, mas esse número pode ser ainda maior, já que estamos em um novo espaço e a ideia é aumentar o número de associados, bem como a nossa rede de parceiros”, salientou
A Associação Municipal de Dislexia e TDAH está localizada na Rua Professora Antônia Cutrim, n° 1.771, bairro Pintolândia, na zona oeste da Capital. Os telefones de contato são 98408-3881, 99138-4343 e 99155-3760. Os atendimentos são realizados com hora agendada, às terças-feiras (das 19h às 21h), quintas (das 19h às 21h), sextas (das 14h às 18h) e sábados (das 14h às 18h). O paciente só é atendido mediante a apresentação de laudo médico. (M.L)