O ex-atacante Gilvandro Ribeiro, bicampeão do Copão da Amazônia pelo Baré, faleceu na noite deste domingo aos 55 anos, no Hospital Geral de Roraima em decorrência de falência múltipla dos órgãos. O sepultamento ocorreu na tarde de ontem no Cemitério Nossa Senhora de Nazaré e foi acompanhado por familiares, amigos, desportistas, presidentes e diretores do Baré, único clube que Gilvandro vestiu a camisa, e ex-atletas que jogaram com ele no Colorado da Consolata, e em especial os atletas que juntos conquistaram os títulos do Copão da Amazônia.
Gilvandro ficou registrado na história do Baré numa das principais glórias do clube: a conquista do bicampeonato do Copão da Amazônia nos anos de 1983 e 1985. A competição reunia na época os melhores clubes da região Norte e o Baré é o único roraimense bicampeão do torneio.
Em 1983, o título foi conquistado contra o Independência (AC) na casa do adversário, com uma vitória por 2 a 1 e o Colorado era defendido por atletas como Gilvandro, seu irmão Pedrão, Augusto, Paulinho, Aluisio, Cabú, Carlos Alberto, Lindomar, Bento, Vado, Ramalho, Peixotinho, Cícero, Edmar, Júlio Pereira, Rômulo Bonates, Romildo, Cardosinho, Souza. O técnico era Aquilininho (filho do fundador do clube).
Em 1985, o clube conquistou o bicampeonato do Copão da Amazônia, jogando no estádio Flamarion Vasconcelos “O Canarinho”, ao vencer o Trem (AP), por 1 a 0 com gol de Gilvandro. A equipe era praticamente a mesma da primeira conquista.
À Folha, o ex-presidente do Baré, Luciano “Zuza” de Araújo disse que Gilvandro era muito dedicado ao Baré. “Mesmo depois que deixou de jogar sempre estava acompanhando o clube e em nome da família barelista nós nos solidarizamos com essa perda irreparável do atleta, da pessoa e do amigo”, disse. “Ele vai permanecer na história do clube como um grande atleta e gozador, que fazia graça até com o pai dele o Ribeirão, que era o treinador, e ria com tudo incentivando muito os outros atletas. Quando íamos jogar com clubes de menor expressão ele costumava dizer ‘Vai ser só um treino’ e começava a rir”, lembrou.
O comentarista Celino Pinheiro falou da paixão e amor que os Ribeiros têm pelo Baré e que nasceu do Ribeirão, pai de Gilvandro e Pedrão.
“Ribeirão chamou os filhos e falou que se não jogassem no Baré não jogaria em time nenhum ou não seria mais filho dele”, contou. “Os filhos respeitaram o conselho do pai e Gilvandro, na sua época, foi o maior artilheiro do Baré. um centroavante que definia e dava confiança ao time e que teve poucas derrotas”, afirmou.
Rômulo “Querido” Bonates lembrou as boas coisas que passou ao lodo do amigo e companheiro de jogos. “Muita felicidade por ter jogado ao lado do Gilvandro, um companheiro e amigo dentro e fora das quatro linhas. “E foi com muita tristeza que recebemos essa notícia, mas vou lembrar sempre com carinho e alegria os bons momentos que passamos juntos em especial nas disputas do Copão, que mesmo sendo do Roraima jogava pelo Baré. Joguei dez Copões e fui campeão em dois, justamente os que joguei ao seu lado, isso são coisas que se eternizam e que vamos lembrar sempre com muita alegria”, disse.
O também ex-atacante Roberto Silva falou e lembrou-se de jogos com o amigo. “Perdi um companheiro que jogou ao meu lado. Perdi um grande atleta como treinador dele. E perdi um grande amigo”, disse. “Teve um jogo que fizemos pelo Copão da Amazônia, no Acre, em 1983, e na decisão ele fez o gol da vitoria e deu o título ao Baré. Era centroavante e grande artilheiro. Gilvandro era do tipo de jogador que não gostava de perder, era muito esforçado. Como treinador, fomos campeões em vários torneios nos anos 83 a 85 e eu tinha ele como uma peça muito importante no meu esquema de jogo”, disse.
O meia Caetano o acompanhou em duas épocas, como companheiro de jogo e como treinador, e citou alguns causos do amigo. “Gilvandro era um jogador muito aplicado, rompedor, goleador e difícil de ser marcado e se entregava nos jogos e, embora não se possa contestar as decisões de Deus, mas ele foi muito novo e nos deixa um vazio e as boas lembranças”, disse.
Numa dessas excursões que o Baré fez para a Venezuela, ele conta que Gilvandro sempre dava uma ‘escapadinha’ do hotel e levava outros atletas da equipe.
“Numa véspera de decisão saiu ele e mais cinco atletas para a balada e eu, Zuza e seu pai, o Ribeirão, ficamos esperando o retorno no saguão do hotel e só chegaram às 3 horas da madrugada”, conta.
Como punição, os seis atletas ficaram no banco de reservas e o Baré perdia por 1 a 0. “Com muita insistência do Gilvandro o coloquei para jogar no segundo tempo e por felicidade ele fez o gol do empate e que deu o título ao Baré”, finalizou.