Um novo levantamento apresentado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e ao Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) apontou que o número de mortes durante o final de semana passado, no Hospital Geral de Roraima (HGR), foi de 18 pacientes e não de 14, como havia sido registrado inicialmente.
As mortes ocorreram entre 0h de sábado, 22, e 23h59 de domingo, 23. Ou seja, foram registrados, em média, um óbito a cada duas horas e meia na unidade. A maioria dos pacientes tinha entre 60 e 84 anos. Além de brasileiros, morreram venezuelanos e guianenses.
As causas foram as mais diversas, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), hipertensão, complicações por diabetes e paradas cardiorrespiratórias. Todos os casos passaram por investigação do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), que avalia mortes desconhecidas ou duvidosas com o objetivo de fornecer elucidação diagnóstica dos falecimentos.
As mortes na maior unidade de saúde de Roraima em um período de 48 horas, que foram noticiadas pela Folha no início da semana, motivaram os órgãos de fiscalização da Saúde a convocarem uma reunião de emergência, que ocorreu na sede do CRM, na manhã de ontem, em que representantes da Sesau e responsáveis técnicos do Instituto Médico Legal (IML) e do HGR prestaram esclarecimentos sobre os casos.
Segundo a presidente do CRM, Blenda Garcia, as mortes foram apresentadas caso a caso, assim como o diagnóstico. “Queríamos fatos concretos e verdadeiros. Eles foram claros e nos passaram o levantamento. Nessa primeira análise vimos que não existe nenhum fato comum a nenhum desses pacientes”, disse.
Conforme Blenda, foram exigidos dados mais concretos e a Sesau se prontificou a encaminhar o prontuário de cada paciente. “Infelizmente foi uma junção de fatores, mas não existe esse negócio de superbactéria e nem infecção hospitalar. Não existiu de fato nenhuma relação dos óbitos”, afirmou.
Dos 18 pacientes, cinco vieram a óbito em menos de 24h após dar entrada no HGR e as causas das mortes estão sendo investigadas pelo SVO. Um corpo segue no IML, pois não foi identificado nome, idade e nem a família do paciente.
“Ninguém nega que deficiências existam naquela unidade. Recentemente fizemos fiscalização lá e iremos continuar fiscalizando até que a verdade absoluta seja esclarecida quando tivermos com os prontuários em mãos e analisarmos”, frisou a presidente do CRM. (L.G.C)
Mortes precisam ser apuradas caso a caso, diz promotora da Saúde
O Ministério Público do Estado de Roraima já iniciou uma investigação sobre as causas dos óbitos ocorridos no Hospital Geral. Ainda na terça-feira, 25, a promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Jeanne Sampaio, requisitou à Delegacia-Geral da Polícia Civil a instauração de inquérito policial para apurar as mortes no período de 18 a 25 deste mês no local.
O MPRR também requisitou à direção do HGR que envie, no prazo de dez dias, relatórios técnicos da Unidade de Vigilância Epidemiológica, Comissão de Verificação de Óbito, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e da Coordenação de Enfermagem e Serviço Social sobre os fatos ocorridos.
“Já foram iniciadas as verificações e se chegou ao número de 18 mortes no final de semana. Foram deliberadas algumas questões que devem ser observadas, como verificar se os pacientes já haviam sido internados lá, se havia antibióticos, se houve necessidade indicada pelos profissionais que não foi atendida”, disse a promotora.
Segundo ela, ao final da investigação será elaborado um relatório para serem esclarecidas as mortes e identificar quais medidas devem ser tomadas. “É um número alto e preocupante, mas deve ser apurado caso a caso para identificarmos o que levou a tudo isso”, frisou. (L.G.C)
Sesau descarta infecção hospitalar e diz que óbitos foram inevitáveis
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que considerou positiva a reunião convocada pelos órgãos de fiscalização, em que foram apresentados e analisados os prontuários dos pacientes que morreram no final de semana no HGR. “Na avaliação preliminar, durante a reunião com a presença de técnicos da Sesau, do Hospital e do MPRR, nenhuma morte tem relação comum, todas foram consideradas inevitáveis e não tiveram diagnóstico de infecção hospitalar”, afirmou.
A Sesau ressaltou que todos os prontuários estão sendo digitalizados para serem encaminhados ao MPRR. “O HGR realiza por dia uma média de 500 atendimentos e o índice de óbito hospitalar na unidade é de 1,04% e se encontra abaixo do limite máximo recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 3,6%. Já o índice de infecção hospitalar foi de 2,2% em 2016, menor que o limite máximo de 5% recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, pontuou. (L.G.C)