Cotidiano

Falta de conscientização por parte de moradores contribui para proliferação

Acúmulo de lixo nos quintais e terrenos baldios faz com que bairros da zona oeste apresentem o maior índice de infestação do mosquito

Dados do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, revelaram que Boa Vista está com alto risco de transmissão de dengue, zika e chikungunya. No entanto, para os moradores dos bairros localizados na zona oeste, onde ocorre o maior número de infestação, a melhoria tem que partir dos próprios residentes da área.

A moradora do bairro Nova Cidade, Kelly Sousa, acredita que a população não cuida do seu próprio quintal. “Aqui, no bairro, tem muito terreno cheio de mato e a gente sabe que qualquer folha de mangueira acumula água para o mosquito”, disse. Já Maria Júlia, moradora do Centenário acrescentou que a população deveria se atentar justamente por conta do período chuvoso.

“Nessa época de chuva é horrível porque, além de os donos dos terrenos não fazerem a manutenção no tempo certo, o mato cresce mais rápido ainda. Tem alguns terrenos que são sempre limpos e outros que são totalmente esquecidos. Além de que, a gente não se sente segura para andar na rua, com os matos altos que dá perfeitamente para esconder algum assaltante. E sem contar os bichos, como cobra e escorpião, que vez ou outra surgem”, criticou.

PODER PÚBLICO – Para combater a proliferação das doenças, a Prefeitura de Boa Vista e o Governo do Estado informaram que tem intensificado as ações de combate ao mosquito, com utilização do carro fumacê e bomba costal nos bairros com maior número de casos, além de treinamento de servidores e visitas dos agentes de endemias às residências com apoio de militares do Exército e da Aeronáutica.

A Prefeitura também ressaltou que, apesar dos esforços, é necessário que a população adote hábitos que contribuam para a prevenção de criadouros eliminando os focos dentro de suas casas e quintais.

Segundo o Município, no levantamento do Ministério da Saúde foram encontradas larvas de Aedes em 698 depósitos. Desse total, quase 90% correspondem a caixas d’água, tambores, vasos de plantas, tampinhas, garrafas, latas, entulhos, lixos, entre outros.

“É preciso que todos fiquem atentos, pois o número de casos das doenças tem crescido consideravelmente, então precisamos fazer a nossa parte, mantendo quintais, avenidas e ruas limpas”, explicou o superintendente municipal de Vigilância em Saúde, Emerson Capistrano.

O mesmo foi dito pela coordenadora estadual de Vigilância em Saúde, Daniela Souza. Para ela, mesmo com as ações e informações repassadas intensamente pelo governo, pelas mídias e demais meios, ainda falta ação por parte da população. “Nesse momento de inverno rigoroso, com chuvas constantes, qualquer depósito de água pode ser um foco. O carro fumacê mata o mosquito adulto, mas se tiver um foco de criadouro no meu quintal, vai continuar tendo. É uma medida coadjuvante, mas o mais importante é não deixar ter focos”, frisou.

Ela comentou sobre o papel importante da população. “A informação até que as pessoas têm. Agora, a população precisa sair da conscientização para a ação. O mosquito causa doenças graves, que podem levar a óbito, com problemas neurológicos graves. Uma grávida com zika pode ter um bebê com má formação. São doenças evitáveis e as pessoas precisam entender isso”, afirmou.

Número das doenças só aumenta

Segundo registros da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) foram 1.924 notificações de dengue em Roraima no ano passado. Já esse ano, até o mês de junho, já foram notificados 2.149 casos. Já os casos confirmados da doença no ano passado foram 191 e, em 2017, foram 157 no total.

Os dados de notificações de zika no ano passado somam 355 em todo o Estado e, em 2017, somente nos primeiros seis meses, já foram 388 casos notificados. O número de confirmações da doença em Roraima foi de 165 no ano passado. Já este ano, até agora, já foram 168 confirmações da doença.

Com relação à chikungunya, em 2016 foram 282 notificações. Neste ano, o número pulou para 1.822 no primeiro semestre, sendo 1.601 em Boa Vista e 92 no município de Rorainópolis, no sul do Estado. Segundo o Estado, o aumento do número de notificações também refletiu o número de confirmações. Em 2016, foram somente 23 casos, enquanto que, até agora já houve 571 confirmações de chikungunya em Roraima. (P.C.)