Cotidiano

RR lidera ranking de denúncias de abuso sexual contra meninas

Estado figura em primeiro lugar entre os que tiveram o pior desempenho nacional, com uma média de 85,7% de denúncias

A Fundação Abrinq, organização sem fins lucrativos criada nos anos 1990 com a missão de promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de jovens, divulgou o relatório “A Criança e o Adolescente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, com informações sobre igualdade de gênero, erradicação da pobreza, fome zero, boa saúde e bem-estar no País. No relatório, Roraima aparece como líder do ranking de abuso contra meninas no Brasil.

Segundo o estudo, que levou em consideração dados do Ministério dos Direitos Humanos e do Disque Direitos Humanos (Disque 100) até 2015, a média de todos os tipos de violação é maior contra meninas do que contra meninos, com destaque quase absoluto para a concentração de ocorrências de violência sexual.

Na análise entre estados, a média de meninas vítimas de casos de abuso sexual atinge 78,1%. Em Roraima, que ocupa a primeira posição no ranking, a média é de 85,7%. Quando verificados os casos de exploração sexual reportados ao serviço de denúncia de violações, os índices são ainda mais preocupantes e Roraima aparece com uma média de 100%, ou seja, não houve registros de nenhum caso de exploração sexual contra meninos no período de avaliação.

Na média de denúncias de violência física, o Estado aparece na quinta colocação, com uma média de 40% e, nos casos de negligência, Roraima figura novamente em primeiro lugar com 50,7%. Já com relação às denúncias de violência contra crianças e adolescentes do sexo masculino, Roraima aparece como um dos estados com melhor desempenho segundo denúncias de abuso sexual, com uma média de 37,1% em casos de violência física e 31,5% de negligência.

ESTADO – O coordenador do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Abuso, Exploração Sexual e Tráfico de Crianças e Adolescentes de Roraima, Flávio Corsini, informou que os números do relatório são similares aos que são registrados pela instituição. “Nós fizemos acompanhamento dos números do Disque 100 e realmente foi apresentado um aumento de denúncias, mas vale ressaltar que isso não quer dizer necessariamente um aumento de casos de abuso”, informou.

Corsini ressaltou ainda que os números de denúncias devam aumentar em razão da instalação de novos prédios do Centro Especializado de Assistência Social (Creas). “Todos os municípios, com exceção de São Luiz, vão ter uma unidade do Creas até o final do ano para atender as vítimas de violência sexual. Os dados devem aumentar no índice de atendimento de crianças o que é um fato importante porque esse atendimento especializado é fundamental para as crianças que sofreram violência, com serviço de assistentes sociais e psicólogos”, salientou.

O coordenador ressaltou ainda que a implantação dos Creas também funciona como um importante instrumento de prevenção. “Com os centros, é mais fácil para realizar ações de combate nas escolas, nas residências, com entrega de panfletos e realizações de palestras, para poder informar e quebrar os vínculos de violência que estão ocorrendo”, avaliou.

Além disto, Corsini reforçou que o Comitê Estadual tem feito discussões com o Núcleo de Atendimento a Mulheres Vítimas do Tráfico de Pessoas para a elaboração de um manual de atendimento voltado para os casos de violência sexual. “O objetivo é melhorar o serviço de atendimento. O esclarecimento é fundamental para que não ocorra o crime”, ponderou.

PREFEITURA – Sobre a proteção à criança e adolescentes, a Prefeitura de Boa Vista informou que realiza ações com programas e projetos sociais direcionados ao público menor de 18 anos, desde a gestação como é o caso do programa Família Que Acolhe (FQA), voltado para o fortalecimento do vínculo familiar, e o projeto Crescer, que trabalha a reintegração social, a convivência e ainda oferece a oportunidade de qualificação, diminuindo a exposição de adolescentes e jovens a situações de risco.

“A gestão municipal também atua no fortalecimento das políticas públicas e em parceria com os órgãos de proteção aos direitos das crianças e adolescentes, por meio de qualificação para os conselheiros tutelares e outros órgãos integrantes da rede de proteção”, informou.

A Prefeitura também ressaltou que, na Capital, o Creas oferece atendimento especializado às vítimas e suas famílias através de acompanhamento psicológico e social. “As ações são especialmente de atendimento e acompanhamento às vítimas, mas contribuem no combate com palestras realizadas em escolas e associações. São realizadas pelo Creas abordagens sociais e buscas ativas diurnas e noturnas nos espaços públicos da cidade, como feiras livres, praças e outros com objetivo de identificar esse tipo de violência”, esclareceu. (P.C)