Cotidiano

Bandidos atacam bancos, delegacias e ameaçam agir na casa da governadora

Criminosos reclamam de “opressão” a presos da Penitenciária e declararam guerra às autoridades do Estado

Integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que domina o crime organizado em Roraima, voltaram a causar terror durante o fim de semana, tanto na Capital quanto no interior. Duas delegacias de polícia foram atacadas com explosivos e duas agências bancárias foram incendiadas.

A audácia dos criminosos foi tão grande que, durante os ataques, eles deixaram bilhetes com ameaças de morte a policiais civis e prometeram investir contra a casa da governadora Suely Campos (PP) e o prédio da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), caso o Governo do Estado não determinasse o que eles chamam de “fim da opressão” aos membros da facção na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).

Em um dos distritos policiais atacados, a Delegacia do Idoso, no bairro Tancredo Neves, zona oeste de Boa Vista, os bandidos chegaram a atirar bombas de fabricação caseira, os chamados “coquetéis molotov”. Os artefatos não chegaram a explodir, mas um recado escrito a lápis em uma folha de papel foi deixado no local.

O bilhete contém a seguinte frase: “Aí vai um recado do PCC 1533 contra a opressão dentro da Pamc. Se o governo não acabar com essa opressão, o próximo [ataque] vai ser a casa da governadora, a Assembleia do governo e muito mais. Apenas começou a guerra, governadora, se você não der a palavra para os bota, a polícia, parar de bater em nós”.

No momento do ataque, apenas um policial civil tirava plantão na delegacia. A situação tem gerado tensão entre os agentes, que denunciaram a falta de efetivo e de segurança para resguardar os distritos policiais do Estado.

Em outro ataque, ocorrido na Delegacia de Mucajaí, município na região centro-oeste de Roraima, os criminosos deixaram um lençol pendurado na porta com a frase escrita: “Contra a opressão no sistema. PCC 1533”.

Sinpol chama atenção para a organização das facções e falta de efetivo da polícia

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), José Nilton, informou à Folha que se reuniu, em junho, com representantes da Segurança Pública do Estado, para tratar sobre a situação e que, na ocasião, o Governo do Estado havia prometido aumentar de um para dois o número de agentes de plantão nas delegacias, o que não ocorreu.

“É pública a organização das facções, assim como são públicas as nossas deficiências no caso dos recursos humanos. Além das delegacias, os institutos de Identificação, Criminalística e Médico Legal possuem muitas informações técnicas que são preciosas para o inquérito policial e robusteza da denúncia pelo Ministério Público para fase processual”, ressaltou.

Segundo o sindicalista, as delegacias guardam armas e drogas apreendidas e deveriam ter segurança reforçada. “Todo mundo sabe que dentro das unidades tem armamento e droga apreendida, e só um policial para guardar tudo isso fica difícil. Essas dificuldades têm que ser sanadas, a polícia tem que ser fortalecida, porque o crime está cada vez mais organizado e a sociedade tem que ter a sensação de segurança. Mas, para isso, primeiro temos que ter segurança”, frisou.

GOVERNO – A Folha enviou demanda para o Governo do Estado pedindo posicionamento sobre a falta de efetivo nas delegacias, mas, até o fechamento desta matéria, às 17h de ontem, não obteve retorno. (L.G.C)